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1. Segurança na Internet
A Internet já está presente no cotidiano de grande parte da população e, provavelmente para estas pessoas, seria muito difícil imaginar como seria a vida sem poder usufruir das diversas facilidades e oportunidades trazidas por esta tecnologia. Por meio da Internet você pode:
- encontrar antigos amigos, fazer novas amizades, encontrar pessoas que compartilham seus gostos e manter contato com amigos e familiares distantes;
- acessar sites de notícias e de esportes, participar de cursos à distância, pesquisar assuntos de interesse e tirar dúvidas em listas de discussão;
- efetuar serviços bancários, como transferências, pagamentos de contas e verificação de extratos;
- fazer compras em supermercados e em lojas de comércio eletrônico, pesquisar preços e verificar a opinião de outras pessoas sobre os produtos ou serviços ofertados por uma determinada loja;
- acessar sites dedicados a brincadeiras, passatempos e histórias em quadrinhos, além de grande variedade de jogos, para as mais diversas faixas etárias;
- enviar a sua declaração de Imposto de Renda, emitir boletim de ocorrência, consultar os pontos em sua carteira de habilitação e agendar a emissão de passaporte;
- consultar a programação das salas de cinema, verificar a agenda de espetáculos teatrais, exposições e shows e adquirir seus ingressos antecipadamente;
- consultar acervos de museus e sites dedicados à obra de grandes artistas, onde é possível conhecer a biografia e as técnicas empregadas por cada um.
Estes são apenas alguns exemplos de como você pode utilizar a Internet para facilitar e melhorar a sua vida. Aproveitar esses benefícios de forma segura, entretanto, requer que alguns cuidados sejam tomados e, para isto, é importante que você esteja informado dos riscos aos quais está exposto para que possa tomar as medidas preventivas necessárias. Alguns destes riscos são:
- Acesso a conteúdos impróprios ou ofensivos: ao navegar você pode se deparar com páginas que contenham pornografia, que atentem contra a honra ou que incitem o ódio e o racismo.
- Contato com pessoas mal-intencionadas: existem pessoas que se aproveitam da falsa sensação de anonimato da Internet para aplicar golpes, tentar se passar por outras pessoas e cometer crimes como, por exemplo, estelionato, pornografia infantil e sequestro.
- Furto de identidade: assim como você pode ter contato direto com impostores, também pode ocorrer de alguém tentar se passar por você e executar ações em seu nome, levando outras pessoas a acreditarem que estão se relacionando com você, e colocando em risco a sua imagem ou reputação.
- Furto e perda de dados: os dados presentes em seus equipamentos conectados à Internet podem ser furtados e apagados, pela ação de ladrões, atacantes e códigos maliciosos.
- Invasão de privacidade: a divulgação de informações pessoais pode comprometer a sua privacidade, de seus amigos e familiares e, mesmo que você restrinja o acesso, não há como controlar que elas não serão repassadas. Além disto, os sites costumam ter políticas próprias de privacidade e podem alterá-las sem aviso prévio, tornando público aquilo que antes era privado.
- Divulgação de boatos: as informações na Internet podem se propagar rapidamente e atingir um grande número de pessoas em curto período de tempo. Enquanto isto pode ser desejável em certos casos, também pode ser usado para a divulgação de informações falsas, que podem gerar pânico e prejudicar pessoas e empresas.
- Dificuldade de exclusão: aquilo que é divulgado na Internet nem sempre pode ser totalmente excluído ou ter o acesso controlado. Uma opinião dada em um momento de impulso pode ficar acessível por tempo indeterminado e pode, de alguma forma, ser usada contra você e acessada por diferentes pessoas, desde seus familiares até seus chefes.
- Dificuldade de detectar e expressar sentimentos: quando você se comunica via Internet não há como observar as expressões faciais ou o tom da voz das outras pessoas, assim como elas não podem observar você (a não ser que vocês estejam utilizando webcams e microfones). Isto pode dificultar a percepção do risco, gerar mal-entendido e interpretação dúbia.
- Dificuldade de manter sigilo: no seu dia a dia é possível ter uma conversa confidencial com alguém e tomar cuidados para que ninguém mais tenha acesso ao que está sendo dito. Na Internet, caso não sejam tomados os devidos cuidados, as informações podem trafegar ou ficar armazenadas de forma que outras pessoas tenham acesso ao conteúdo.
- Uso excessivo: o uso desmedido da Internet, assim como de outras tecnologias, pode colocar em risco a sua saúde física, diminuir a sua produtividade e afetar a sua vida social ou profissional.
- Plágio e violação de direitos autorais: a cópia, alteração ou distribuição não autorizada de conteúdos e materiais protegidos pode contrariar a lei de direitos autorais e resultar em problemas jurídicos e em perdas financeiras.
Outro grande risco relacionado ao uso da Internet é o de você achar que não corre riscos, pois supõe que ninguém tem interesse em utilizar o seu computador ou que, entre os diversos computadores conectados à Internet, o seu dificilmente será localizado. É justamente este tipo de pensamento que é explorado pelos atacantes, pois, ao se sentir seguro, você pode achar que não precisa se prevenir.
Esta ilusão, infelizmente, costuma terminar quando os primeiros problemas começam a acontecer. Muitas vezes os atacantes estão interessados em conseguir acesso a grandes quantidades de computadores, independente de quais são, e para isto, podem efetuar varreduras na rede e localizar grande parte dos computadores conectados à Internet, inclusive o seu.
Um problema de segurança em seu computador pode torná-lo indisponível e colocar em risco a confidencialidade e a integridade dos dados nele armazenados. Além disto, ao ser comprometido, seu computador pode ser usado para a prática de atividades maliciosas como, por exemplo, servir de repositório para dados fraudulentos, lançar ataques contra outros computadores (e assim esconder a real identidade e localização do atacante), propagar códigos maliciosos e disseminar spam.
Os principais riscos relacionados ao uso da Internet são detalhados nos Capítulos: Golpes na Internet, Ataques na Internet, Códigos Maliciosos (Malware), Spam e Outros riscos.
O primeiro passo para se prevenir dos riscos relacionados ao uso da Internet é estar ciente de que ela não tem nada de "virtual". Tudo o que ocorre ou é realizado por meio da Internet é real: os dados são reais e as empresas e pessoas com quem você interage são as mesmas que estão fora dela. Desta forma, os riscos aos quais você está exposto ao usá-la são os mesmos presentes no seu dia a dia e os golpes que são aplicados por meio dela são similares àqueles que ocorrem na rua ou por telefone.
É preciso, portanto, que você leve para a Internet os mesmos cuidados e as mesmas preocupações que você tem no seu dia a dia, como por exemplo: visitar apenas lojas confiáveis, não deixar públicos dados sensíveis, ficar atento quando "for ao banco" ou "fizer compras", não passar informações a estranhos, não deixar a porta da sua casa aberta, etc.
Para tentar reduzir os riscos e se proteger é importante que você adote uma postura preventiva e que a atenção com a segurança seja um hábito incorporado à sua rotina, independente de questões como local, tecnologia ou meio utilizado. Para ajudá-lo nisto, há diversos mecanismos de segurança que você pode usar e que são detalhados nos Capítulos: Mecanismos de segurança, Contas e senhas e Criptografia.
Outros cuidados, relativos ao uso da Internet, como aqueles que você deve tomar para manter a sua privacidade e ao utilizar redes e dispositivos móveis, são detalhados nos demais Capítulos: Uso seguro da Internet, Privacidade, Segurança de computadores, Segurança de redes e Segurança em dispositivos móveis.
2. Golpes na Internet
Normalmente, não é uma tarefa simples atacar e fraudar dados em um servidor de uma instituição bancária ou comercial e, por este motivo, golpistas vêm concentrando esforços na exploração de fragilidades dos usuários. Utilizando técnicas de engenharia social e por diferentes meios e discursos, os golpistas procuram enganar e persuadir as potenciais vítimas a fornecerem informações sensíveis ou a realizarem ações, como executar códigos maliciosos e acessar páginas falsas.
De posse dos dados das vítimas, os golpistas costumam efetuar transações financeiras, acessar sites, enviar mensagens eletrônicas, abrir empresas fantasmas e criar contas bancárias ilegítimas, entre outras atividades maliciosas.
Muitos dos golpes aplicados na Internet podem ser considerados crimes contra o patrimônio, tipificados como estelionato. Dessa forma, o golpista pode ser considerado um estelionatário.
Nas próximas seções são apresentados alguns dos principais golpes aplicados na Internet e alguns cuidados que você deve tomar para se proteger deles.
2.1. Furto de identidade (Identity theft)
O furto de identidade, ou identity theft, é o ato pelo qual uma pessoa tenta se passar por outra, atribuindo-se uma falsa identidade, com o objetivo de obter vantagens indevidas. Alguns casos de furto de identidade podem ser considerados como crime contra a fé pública, tipificados como falsa identidade.
No seu dia a dia, sua identidade pode ser furtada caso, por exemplo, alguém abra uma empresa ou uma conta bancária usando seu nome e seus documentos. Na Internet isto também pode ocorrer, caso alguém crie um perfil em seu nome em uma rede social, acesse sua conta de e-mail e envie mensagens se passando por você ou falsifique os campos de e-mail, fazendo parecer que ele foi enviado por você.
Quanto mais informações você disponibiliza sobre a sua vida e rotina, mais fácil se torna para um golpista furtar a sua identidade, pois mais dados ele tem disponíveis e mais convincente ele pode ser. Além disto, o golpista pode usar outros tipos de golpes e ataques para coletar informações sobre você, inclusive suas senhas, como códigos maliciosos (mais detalhes no Capítulo Códigos Maliciosos (Malware)), ataques de força bruta e interceptação de tráfego (mais detalhes no Capítulo Ataques na Internet).
Caso a sua identidade seja furtada, você poderá arcar com consequências como perdas financeiras, perda de reputação e falta de crédito. Além disto, pode levar muito tempo e ser bastante desgastante até que você consiga reverter todos os problemas causados pelo impostor.
Prevenção:
A melhor forma de impedir que sua identidade seja furtada é evitar que o impostor tenha acesso aos seus dados e às suas contas de usuário (mais detalhes no Capítulo Privacidade). Além disto, para evitar que suas senhas sejam obtidas e indevidamente usadas, é muito importante que você seja cuidadoso, tanto ao usá-las quanto ao elaborá-las (mais detalhes no Capítulo Contas e senhas).
É necessário também que você fique atento a alguns indícios que podem demonstrar que sua identidade está sendo indevidamente usada por golpistas, tais como:
- você começa a ter problemas com órgãos de proteção de crédito;
- você recebe o retorno de e-mails que não foram enviados por você;
- você verifica nas notificações de acesso que a sua conta de e-mail ou seu perfil na rede social foi acessado em horários ou locais em que você próprio não estava acessando;
- ao analisar o extrato da sua conta bancária ou do seu cartão de crédito você percebe transações que não foram realizadas por você;
- você recebe ligações telefônicas, correspondências e e-mails se referindo a assuntos sobre os quais você não sabe nada a respeito, como uma conta bancária que não lhe pertence e uma compra não realizada por você.
2.2. Fraude de antecipação de recursos (Advance fee fraud)
A fraude de antecipação de recursos, ou advance fee fraud, é aquela na qual um golpista procura induzir uma pessoa a fornecer informações confidenciais ou a realizar um pagamento adiantado, com a promessa de futuramente receber algum tipo de benefício.
Por meio do recebimento de mensagens eletrônicas ou do acesso a sites fraudulentos, a pessoa é envolvida em alguma situação ou história mirabolante, que justifique a necessidade de envio de informações pessoais ou a realização de algum pagamento adiantado, para a obtenção de um benefício futuro. Após fornecer os recursos solicitados a pessoa percebe que o tal benefício prometido não existe, constata que foi vítima de um golpe e que seus dados/dinheiro estão em posse de golpistas.
O Golpe da Nigéria (Nigerian 4-1-9 Scam) é um dos tipos de fraude de antecipação de recursos mais conhecidos e é aplicado, geralmente, da seguinte forma:
- Você recebe uma mensagem eletrônica em nome de alguém ou de alguma instituição dizendo-se ser da Nigéria, na qual é solicitado que você atue como intermediário em uma transferência internacional de fundos;
- o valor citado na mensagem é absurdamente alto e, caso você aceite intermediar a transação, recebe a promessa de futuramente ser recompensado com uma porcentagem deste valor;
- o motivo, descrito na mensagem, pelo qual você foi selecionado para participar da transação geralmente é a indicação de algum funcionário ou amigo que o apontou como sendo uma pessoa honesta, confiável e merecedora do tal benefício;
- a mensagem deixa claro que se trata de uma transferência ilegal e, por isto, solicita sigilo absoluto e urgência na resposta, caso contrário, a pessoa procurará por outro parceiro e você perderá a oportunidade;
- após responder a mensagem e aceitar a proposta, os golpistas solicitam que você pague antecipadamente uma quantia bem elevada (porém bem inferior ao total que lhe foi prometido) para arcar com custos, como advogados e taxas de transferência de fundos;
- após informar os dados e efetivar o pagamento solicitado, você é informado que necessita realizar novos pagamentos ou perde o contato com os golpistas;
- finalmente, você percebe que, além de perder todo o dinheiro investido, nunca verá a quantia prometida como recompensa e que seus dados podem estar sendo indevidamente usados.
Apesar deste golpe ter ficado conhecido como sendo da Nigéria, já foram registrados diversos casos semelhantes, originados ou que mencionavam outros países, geralmente de regiões pobres ou que estejam passando por conflitos políticos, econômicos ou raciais.
A fraude de antecipação de recursos possui diversas variações que, apesar de apresentarem diferentes discursos, assemelham-se pela forma como são aplicadas e pelos danos causados. Algumas destas variações são:
- Loteria internacional: você recebe um e-mail informando que foi sorteado em uma loteria internacional, mas que para receber o prêmio a que tem direito, precisa fornecer seus dados pessoais e informações sobre a sua conta bancária.
- Crédito fácil: você recebe um e-mail contendo uma oferta de empréstimo ou financiamento com taxas de juros muito inferiores às praticadas no mercado. Após o seu crédito ser supostamente aprovado você é informado que necessita efetuar um depósito bancário para o ressarcimento das despesas.
- Doação de animais: você deseja adquirir um animal de uma raça bastante cara e, ao pesquisar por possíveis vendedores, descobre que há sites oferecendo estes animais para doação. Após entrar em contato, é solicitado que você envie dinheiro para despesas de transporte.
- Oferta de emprego: você recebe uma mensagem em seu celular contendo uma proposta tentadora de emprego. Para efetivar a contratação, no entanto, é necessário que você informe detalhes de sua conta bancária.
- Noiva russa: alguém deixa um recado em sua rede social contendo insinuações sobre um possível relacionamento amoroso entre vocês. Esta pessoa mora em outro país, geralmente a Rússia, e após alguns contatos iniciais sugere que vocês se encontrem pessoalmente, mas, para que ela possa vir até o seu país, necessita ajuda financeira para as despesas de viagem.
Prevenção:
A melhor forma de se prevenir é identificar as mensagens contendo tentativas de golpes. Uma mensagem deste tipo, geralmente, possui características como:
- oferece quantias astronômicas de dinheiro;
- solicita sigilo nas transações;
- solicita que você a responda rapidamente;
- apresenta palavras como "urgente" e "confidencial" no campo de assunto;
- apresenta erros gramaticais e de ortografia (muitas mensagens são escritas por meio do uso de programas tradutores e podem apresentar erros de tradução e de concordância).
Além disto, adotar uma postura preventiva pode, muitas vezes, evitar que você seja vítima de golpes. Por isto, é muito importante que você:
- questione-se por que justamente você, entre os inúmeros usuários da Internet, foi escolhido para receber o benefício proposto na mensagem e como chegaram até você;
- desconfie de situações onde é necessário efetuar algum pagamento com a promessa de futuramente receber um valor maior (pense que, em muitos casos, as despesas poderiam ser descontadas do valor total).
Aplicar a sabedoria popular de ditados como "Quando a esmola é demais, o santo desconfia" ou "Tudo que vem fácil, vai fácil", também pode ajudá-lo nesses casos.
Vale alertar que mensagens deste tipo nunca devem ser respondidas, pois isto pode servir para confirmar que o seu endereço de e-mail é válido. Esta informação pode ser usada, por exemplo, para incluí-lo em listas de spam ou de possíveis vítimas em outros tipos de golpes.
2.3. Phishing
Phishing, phishing-scam ou phishing/scam, é o tipo de fraude por meio da qual um golpista tenta obter dados pessoais e financeiros de um usuário, pela utilização combinada de meios técnicos e engenharia social.
O phishing ocorre por meio do envio de mensagens eletrônicas que:
- tentam se passar pela comunicação oficial de uma instituição conhecida, como um banco, uma empresa ou um site popular;
- procuram atrair a atenção do usuário, seja por curiosidade, por caridade ou pela possibilidade de obter alguma vantagem financeira;
- informam que a não execução dos procedimentos descritos pode acarretar sérias consequências, como a inscrição em serviços de proteção de crédito e o cancelamento de um cadastro, de uma conta bancária ou de um cartão de crédito;
- tentam induzir o usuário a fornecer dados pessoais e financeiros, por meio do acesso a páginas falsas, que tentam se passar pela página oficial da instituição; da instalação de códigos maliciosos, projetados para coletar informações sensíveis; e do preenchimento de formulários contidos na mensagem ou em páginas Web.
Para atrair a atenção do usuário as mensagens apresentam diferentes tópicos e temas, normalmente explorando campanhas de publicidade, serviços, a imagem de pessoas e assuntos em destaque no momento, como exemplificado na Tabela 2.1. Exemplos de situações envolvendo phishing são:
- Páginas falsas de comércio eletrônico ou Internet Banking: você recebe um e-mail, em nome de um site de comércio eletrônico ou de uma instituição financeira, que tenta induzi-lo a clicar em um link. Ao fazer isto, você é direcionado para uma página Web falsa, semelhante ao site que você realmente deseja acessar, onde são solicitados os seus dados pessoais e financeiros.
- Páginas falsas de redes sociais ou de companhias aéreas: você recebe uma mensagem contendo um link para o site da rede social ou da companhia aérea que você utiliza. Ao clicar, você é direcionado para uma página Web falsa onde é solicitado o seu nome de usuário e a sua senha que, ao serem fornecidos, serão enviados aos golpistas que passarão a ter acesso ao site e poderão efetuar ações em seu nome, como enviar mensagens ou emitir passagens aéreas.
- Mensagens contendo formulários: você recebe uma mensagem eletrônica contendo um formulário com campos para a digitação de dados pessoais e financeiros. A mensagem solicita que você preencha o formulário e apresenta um botão para confirmar o envio das informações. Ao preencher os campos e confirmar o envio, seus dados são transmitidos para os golpistas.
- Mensagens contendo links para códigos maliciosos: você recebe um e-mail que tenta induzi-lo a clicar em um link, para baixar e abrir/executar um arquivo. Ao clicar, é apresentada uma mensagem de erro ou uma janela pedindo que você salve o arquivo. Após salvo, quando você abri-lo/executá-lo, será instalado um código malicioso em seu computador.
- Solicitação de recadastramento: você recebe uma mensagem, supostamente enviada pelo grupo de suporte da instituição de ensino que frequenta ou da empresa em que trabalha, informando que o serviço de e-mail está passando por manutenção e que é necessário o recadastramento. Para isto, é preciso que você forneça seus dados pessoais, como nome de usuário e senha.
Tabela 2.1: Exemplos de tópicos e temas de mensagens de phishing.
Álbuns de fotos e vídeos |
pessoa supostamente conhecida, celebridades algum fato noticiado em jornais, revistas ou televisão traição, nudez ou pornografia, serviço de acompanhantes |
Antivírus |
atualização de vacinas, eliminação de vírus lançamento de nova versão ou de novas funcionalidades |
Associações assistenciais |
AACD Teleton, Click Fome, Criança Esperança |
Avisos judiciais |
intimação para participação em audiência comunicado de protesto, ordem de despejo |
Cartões de crédito |
programa de fidelidade, promoção |
Cartões virtuais |
UOL, Voxcards, Yahoo! Cartões, O Carteiro, Emotioncard |
Comércio eletrônico |
cobrança de débitos, confirmação de compra atualização de cadastro, devolução de produtos oferta em site de compras coletivas |
Companhias aéreas |
promoção, programa de milhagem |
Eleições |
título eleitoral cancelado, convocação para mesário |
Empregos |
cadastro e atualização de currículos, processo seletivo em aberto |
Imposto de renda |
nova versão ou correção de programa consulta de restituição, problema nos dados da declaração |
Internet Banking |
unificação de bancos e contas, suspensão de acesso atualização de cadastro e de cartão de senhas lançamento ou atualização de módulo de segurança comprovante de transferência e depósito, cadastramento de computador |
Multas e infrações de trânsito |
aviso de recebimento, recurso, transferência de pontos |
Músicas |
canção dedicada por amigos |
Notícias e boatos |
fato amplamente noticiado, ataque terrorista, tragédia natural |
Prêmios |
loteria, instituição financeira |
Programas em geral |
lançamento de nova versão ou de novas funcionalidades |
Promoções |
vale-compra, assinatura de jornal e revista desconto elevado, preço muito reduzido, distribuição gratuita |
Propagandas |
produto, curso, treinamento, concurso |
Reality shows |
Big Brother Brasil, A Fazenda, Ídolos |
Redes sociais |
notificação pendente, convite para participação aviso sobre foto marcada, permissão para divulgação de foto |
Serviços de Correios |
recebimento de telegrama online |
Serviços de e-mail |
recadastramento, caixa postal lotada, atualização de banco de dados |
Serviços de proteção de crédito |
regularização de débitos, restrição ou pendência financeira |
Serviços de telefonia |
recebimento de mensagem, pendência de débito bloqueio de serviços, detalhamento de fatura, créditos gratuitos |
Sites com dicas de segurança |
aviso de conta de e-mail sendo usada para envio de spam (Antispam.br) cartilha de segurança (CERT.br, FEBRABAN, Abranet, etc.) |
Solicitações |
orçamento, documento, relatório, cotação de preços, lista de produtos |
Prevenção:
- fique atento a mensagens, recebidas em nome de alguma instituição, que tentem induzi-lo a fornecer informações, instalar/executar programas ou clicar em links;
- questione-se por que instituições com as quais você não tem contato estão lhe enviando mensagens, como se houvesse alguma relação prévia entre vocês (por exemplo, se você não tem conta em um determinado banco, não há porque recadastrar dados ou atualizar módulos de segurança);
- fique atento a mensagens que apelem demasiadamente pela sua atenção e que, de alguma forma, o ameacem caso você não execute os procedimentos descritos;
- não considere que uma mensagem é confiável com base na confiança que você deposita em seu remetente, pois ela pode ter sido enviada de contas invadidas, de perfis falsos ou pode ter sido forjada (mais detalhes na Seção 3.3 do Capítulo Ataques na Internet);
- seja cuidadoso ao acessar links. Procure digitar o endereço diretamente no navegador Web;
- verifique o link apresentado na mensagem. Golpistas costumam usar técnicas para ofuscar o link real para o phishing. Ao posicionar o mouse sobre o link, muitas vezes é possível ver o endereço real da página falsa ou código malicioso;
- utilize mecanismos de segurança, como programas antimalware, firewall pessoal e filtros antiphishing (mais detalhes no Capítulo Mecanismos de segurança);
- verifique se a página utiliza conexão segura. Sites de comércio eletrônico ou Internet Banking confiáveis sempre utilizam conexões seguras quando dados sensíveis são solicitados (mais detalhes na Seção 10.1.1 do Capítulo Uso seguro da Internet);
- verifique as informações mostradas no certificado. Caso a página falsa utilize conexão segura, um novo certificado será apresentado e, possivelmente, o endereço mostrado no navegador Web será diferente do endereço correspondente ao site verdadeiro (mais detalhes na Seção 10.1.2 do Capítulo Uso seguro da Internet);
- acesse a página da instituição que supostamente enviou a mensagem e procure por informações (você vai observar que não faz parte da política da maioria das empresas o envio de mensagens, de forma indiscriminada, para os seus usuários).
2.3.1 Pharming
Pharming é um tipo específico de phishing que envolve a redireção da navegação do usuário para sites falsos, por meio de alterações no serviço de DNS (Domain Name System). Neste caso, quando você tenta acessar um site legítimo, o seu navegador Web é redirecionado, de forma transparente, para uma página falsa. Esta redireção pode ocorrer:
- por meio do comprometimento do servidor de DNS do provedor que você utiliza;
- pela ação de códigos maliciosos projetados para alterar o comportamento do serviço de DNS do seu computador;
- pela ação direta de um invasor, que venha a ter acesso às configurações do serviço de DNS do seu computador ou modem de banda larga.
Prevenção:
- desconfie se, ao digitar uma URL, for redirecionado para outro site, o qual tenta realizar alguma ação suspeita, como abrir um arquivo ou tentar instalar um programa;
- desconfie imediatamente caso o site de comércio eletrônico ou Internet Banking que você está acessando não utilize conexão segura. Sites confiáveis de comércio eletrônico eInternet Banking sempre usam conexões seguras quando dados pessoais e financeiros são solicitados (mais detalhes na Seção 10.1.1 do Capítulo Uso seguro da Internet);
- observe se o certificado apresentado corresponde ao do site verdadeiro (mais detalhes na Seção 10.1.2 do Capítulo Uso seguro da Internet).
2.4. Golpes de comércio eletrônico
Golpes de comércio eletrônico são aqueles nos quais golpistas, com o objetivo de obter vantagens financeiras, exploram a relação de confiança existente entre as partes envolvidas em uma transação comercial. Alguns destes golpes são apresentados nas próximas seções.
2.4.1 Golpe do site de comércio eletrônico fraudulento
Neste golpe, o golpista cria um site fraudulento, com o objetivo específico de enganar os possíveis clientes que, após efetuarem os pagamentos, não recebem as mercadorias.
Para aumentar as chances de sucesso, o golpista costuma utilizar artifícios como: enviar spam, fazer propaganda via links patrocinados, anunciar descontos em sites de compras coletivas e ofertar produtos muito procurados e com preços abaixo dos praticados pelo mercado.
Além do comprador, que paga mas não recebe a mercadoria, este tipo de golpe pode ter outras vítimas, como:
- uma empresa séria, cujo nome tenha sido vinculado ao golpe;
- um site de compras coletivas, caso ele tenha intermediado a compra;
- uma pessoa, cuja identidade tenha sido usada para a criação do site ou para abertura de empresas fantasmas.
Prevenção:
- faça uma pesquisa de mercado, comparando o preço do produto exposto no site com os valores obtidos na pesquisa e desconfie caso ele seja muito abaixo dos praticados pelo mercado;
- pesquise na Internet sobre o site, antes de efetuar a compra, para ver a opinião de outros clientes;
- acesse sites especializados em tratar reclamações de consumidores insatisfeitos, para verificar se há reclamações referentes a esta empresa;
- fique atento a propagandas recebidas através de spam (mais detalhes no Capítulo Spam);
- seja cuidadoso ao acessar links patrocinados (mais detalhes na Seção 6.5 do Capítulo Outros riscos);
- procure validar os dados de cadastro da empresa no site da Receita Federal;
- não informe dados de pagamento caso o site não ofereça conexão segura ou não apresente um certificado confiável (mais detalhes na Seção 10.1 do Capítulo Uso seguro da Internet).
2.4.2 Golpe envolvendo sites de compras coletivas
Sites de compras coletivas têm sido muito usados em golpes de sites de comércio eletrônico fraudulentos, como descrito na Seção 2.4.1. Além dos riscos inerentes às relações comerciais cotidianas, os sites de compras coletivas também apresentam riscos próprios, gerados principalmente pela pressão imposta ao consumidor em tomar decisões rápidas pois, caso contrário, podem perder a oportunidade de compra.
Golpistas criam sites fraudulentos e os utilizam para anunciar produtos nos sites de compras coletivas e, assim, conseguir grande quantidade de vítimas em um curto intervalo de tempo.
Além disto, sites de compras coletivas também podem ser usados como tema de mensagens de phishing. Golpistas costumam mandar mensagens como se tivessem sido enviadas pelo site verdadeiro e, desta forma, tentam induzir o usuário a acessar uma página falsa e a fornecer dados pessoais, como número de cartão de crédito e senhas.
Prevenção:
- procure não comprar por impulso apenas para garantir o produto ofertado;
- seja cauteloso e faça pesquisas prévias, pois há casos de produtos anunciados com desconto, mas que na verdade, apresentam valores superiores aos de mercado;
- pesquise na Internet sobre o site de compras coletivas, antes de efetuar a compra, para ver a opinião de outros clientes e observar se foi satisfatória a forma como os possíveis problemas foram resolvidos;
- siga as dicas apresentadas na Seção 2.3 para se prevenir de golpes envolvendo phishing;
- siga as dicas apresentadas na Seção 2.4.1 para se prevenir de golpes envolvendo sites de comércio eletrônico fraudulento.
2.4.3 Golpe do site de leilão e venda de produtos
O golpe do site de leilão e venda de produtos é aquele, por meio do qual, um comprador ou vendedor age de má-fé e não cumpre com as obrigações acordadas ou utiliza os dados pessoais e financeiros envolvidos na transação comercial para outros fins. Por exemplo:
- o comprador tenta receber a mercadoria sem realizar o pagamento ou o realiza por meio de transferência efetuada de uma conta bancária ilegítima ou furtada;
- o vendedor tenta receber o pagamento sem efetuar a entrega da mercadoria ou a entrega danificada, falsificada, com características diferentes do anunciado ou adquirida de forma ilícita e criminosa (por exemplo, proveniente de contrabando ou de roubo de carga);
- o comprador ou o vendedor envia e-mails falsos, em nome do sistema de gerenciamento de pagamentos, como forma de comprovar a realização do pagamento ou o envio da mercadoria que, na realidade, não foi feito.
Prevenção:
- faça uma pesquisa de mercado, comparando o preço do produto com os valores obtidos na pesquisa e desconfie caso ele seja muito abaixo dos praticados pelo mercado;
- marque encontros em locais públicos caso a entrega dos produtos seja feita pessoalmente;
- acesse sites especializados em tratar reclamações de consumidores insatisfeitos e que os coloca em contato com os responsáveis pela venda (você pode avaliar se a forma como o problema foi resolvido foi satisfatória ou não);
- utilize sistemas de gerenciamento de pagamentos pois, além de dificultarem a aplicação dos golpes, impedem que seus dados pessoais e financeiros sejam enviados aos golpistas;
- procure confirmar a realização de um pagamento diretamente em sua conta bancária ou pelo site do sistema de gerenciamento de pagamentos (não confie apenas em e-mailsrecebidos, pois eles podem ser falsos);
- verifique a reputação do usuário (muitos sites possuem sistemas que medem a reputação de compradores e vendedores, por meio da opinião de pessoas que já negociaram com este usuário);
- acesse os sites, tanto do sistema de gerenciamento de pagamentos como o responsável pelas vendas, diretamente do navegador, sem clicar em links recebidos em mensagens;
- mesmo que o vendedor lhe envie o código de rastreamento fornecido pelos Correios, não utilize esta informação para comprovar o envio e liberar o pagamento (até que você tenha a mercadoria em mãos não há nenhuma garantia de que o que foi enviado é realmente o que foi solicitado).
2.5. Boato (Hoax)
Um boato, ou hoax, é uma mensagem que possui conteúdo alarmante ou falso e que, geralmente, tem como remetente, ou aponta como autora, alguma instituição, empresa importante ou órgão governamental. Por meio de uma leitura minuciosa de seu conteúdo, normalmente, é possível identificar informações sem sentido e tentativas de golpes, como correntes e pirâmides.
Boatos podem trazer diversos problemas, tanto para aqueles que os recebem e os distribuem, como para aqueles que são citados em seus conteúdos. Entre estes diversos problemas, um boato pode:
- conter códigos maliciosos;
- espalhar desinformação pela Internet;
- ocupar, desnecessariamente, espaço nas caixas de e-mails dos usuários;
- comprometer a credibilidade e a reputação de pessoas ou entidades referenciadas na mensagem;
- comprometer a credibilidade e a reputação da pessoa que o repassa pois, ao fazer isto, esta pessoa estará supostamente endossando ou concordando com o conteúdo da mensagem;
- aumentar excessivamente a carga de servidores de e-mail e o consumo de banda de rede, necessários para a transmissão e o processamento das mensagens;
- indicar, no conteúdo da mensagem, ações a serem realizadas e que, se forem efetivadas, podem resultar em sérios danos, como apagar um arquivo que supostamente contém um código malicioso, mas que na verdade é parte importante do sistema operacional instalado no computador.
Prevenção:
Normalmente, os boatos se propagam pela boa vontade e solidariedade de quem os recebe, pois há uma grande tendência das pessoas em confiar no remetente, não verificar a procedência e não conferir a veracidade do conteúdo da mensagem. Para que você possa evitar a distribuição de boatos é muito importante conferir a procedência dos e-mails e, mesmo que tenham como remetente alguém conhecido, é preciso certificar-se de que a mensagem não é um boato.
Um boato, geralmente, apresenta pelo menos uma das seguintes características:
- afirma não ser um boato;
- sugere consequências trágicas caso uma determinada tarefa não seja realizada;
- promete ganhos financeiros ou prêmios mediante a realização de alguma ação;
- apresenta erros gramaticais e de ortografia;
- apresenta informações contraditórias;
- enfatiza que ele deve ser repassado rapidamente para o maior número de pessoas;
- já foi repassado diversas vezes (no corpo da mensagem, normalmente, é possível observar cabeçalhos de e-mails repassados por outras pessoas).
Além disto, muitas vezes, uma pesquisa na Internet pelo assunto da mensagem pode ser suficiente para localizar relatos e denúncias já feitas. É importante ressaltar que você nuncadeve repassar boatos pois, ao fazer isto, estará endossando ou concordando com o seu conteúdo.
2.6. Prevenção
Outras dicas gerais para se proteger de golpes aplicados na Internet são:
- Notifique: caso identifique uma tentativa de golpe, é importante notificar a instituição envolvida, para que ela possa tomar as providências que julgar cabíveis (mais detalhes na Seção 7.2 do Capítulo Mecanismos de segurança).
- Mantenha-se informado: novas formas de golpes podem surgir, portanto é muito importante que você se mantenha informado. Algumas fontes de informação que você pode consultar são:
- seções de informática de jornais de grande circulação e de sites de notícias que, normalmente, trazem matérias ou avisos sobre os golpes mais recentes;
- sites de empresas mencionadas nas mensagens (algumas empresas colocam avisos em suas páginas quando percebem que o nome da instituição está sendo indevidamente usado);
- sites especializados que divulgam listas contendo os golpes que estão sendo aplicados e seus respectivos conteúdos. Alguns destes sites são:
3. Ataques na Internet
Ataques costumam ocorrer na Internet com diversos objetivos, visando diferentes alvos e usando variadas técnicas. Qualquer serviço, computador ou rede que seja acessível via Internet pode ser alvo de um ataque, assim como qualquer computador com acesso à Internet pode participar de um ataque.
Os motivos que levam os atacantes a desferir ataques na Internet são bastante diversos, variando da simples diversão até a realização de ações criminosas. Alguns exemplos são:
- Demonstração de poder: mostrar a uma empresa que ela pode ser invadida ou ter os serviços suspensos e, assim, tentar vender serviços ou chantageá-la para que o ataque não ocorra novamente.
- Prestígio: vangloriar-se, perante outros atacantes, por ter conseguido invadir computadores, tornar serviços inacessíveis ou desfigurar sites considerados visados ou difíceis de serem atacados; disputar com outros atacantes ou grupos de atacantes para revelar quem consegue realizar o maior número de ataques ou ser o primeiro a conseguir atingir um determinado alvo.
- Motivações financeiras: coletar e utilizar informações confidenciais de usuários para aplicar golpes (mais detalhes no Capítulo Golpes na Internet).
- Motivações ideológicas: tornar inacessível ou invadir sites que divulguem conteúdo contrário à opinião do atacante; divulgar mensagens de apoio ou contrárias a uma determinada ideologia.
- Motivações comerciais: tornar inacessível ou invadir sites e computadores de empresas concorrentes, para tentar impedir o acesso dos clientes ou comprometer a reputação destas empresas.
Para alcançar estes objetivos os atacantes costumam usar técnicas, como as descritas nas próximas seções.
3.1. Exploração de vulnerabilidades
Uma vulnerabilidade é definida como uma condição que, quando explorada por um atacante, pode resultar em uma violação de segurança. Exemplos de vulnerabilidades são falhas no projeto, na implementação ou na configuração de programas, serviços ou equipamentos de rede.
Um ataque de exploração de vulnerabilidades ocorre quando um atacante, utilizando-se de uma vulnerabilidade, tenta executar ações maliciosas, como invadir um sistema, acessar informações confidenciais, disparar ataques contra outros computadores ou tornar um serviço inacessível.
3.2. Varredura em redes (Scan)
Varredura em redes, ou scan, é uma técnica que consiste em efetuar buscas minuciosas em redes, com o objetivo de identificar computadores ativos e coletar informações sobre eles como, por exemplo, serviços disponibilizados e programas instalados. Com base nas informações coletadas é possível associar possíveis vulnerabilidades aos serviços disponibilizados e aos programas instalados nos computadores ativos detectados.
A varredura em redes e a exploração de vulnerabilidades associadas podem ser usadas de forma:
- Legítima: por pessoas devidamente autorizadas, para verificar a segurança de computadores e redes e, assim, tomar medidas corretivas e preventivas.
- Maliciosa: por atacantes, para explorar as vulnerabilidades encontradas nos serviços disponibilizados e nos programas instalados para a execução de atividades maliciosas. Os atacantes também podem utilizar os computadores ativos detectados como potenciais alvos no processo de propagação automática de códigos maliciosos e em ataques de força bruta (mais detalhes no Capítulo Códigos Maliciosos (Malware) e na Seção 3.5, respectivamente).
3.3. Falsificação de e-mail (E-mail spoofing)
Falsificação de e-mail, ou e-mail spoofing, é uma técnica que consiste em alterar campos do cabeçalho de um e-mail, de forma a aparentar que ele foi enviado de uma determinada origem quando, na verdade, foi enviado de outra.
Esta técnica é possível devido a características do protocolo SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) que permitem que campos do cabeçalho, como "From:
" (endereço de quem enviou a mensagem), "Reply-To
" (endereço de resposta da mensagem) e "Return-Path
" (endereço para onde possíveis erros no envio da mensagem são reportados), sejam falsificados.
Ataques deste tipo são bastante usados para propagação de códigos maliciosos, envio de spam e em golpes de phishing. Atacantes utilizam-se de endereços de e-mail coletados de computadores infectados para enviar mensagens e tentar fazer com que os seus destinatários acreditem que elas partiram de pessoas conhecidas.
Exemplos de e-mails com campos falsificados são aqueles recebidos como sendo:
- de alguém conhecido, solicitando que você clique em um link ou execute um arquivo anexo;
- do seu banco, solicitando que você siga um link fornecido na própria mensagem e informe dados da sua conta bancária;
- do administrador do serviço de e-mail que você utiliza, solicitando informações pessoais e ameaçando bloquear a sua conta caso você não as envie.
Você também pode já ter observado situações onde o seu próprio endereço de e-mail foi indevidamente utilizado. Alguns indícios disto são:
- você recebe respostas de e-mails que você nunca enviou;
- você recebe e-mails aparentemente enviados por você mesmo, sem que você tenha feito isto;
- você recebe mensagens de devolução de e-mails que você nunca enviou, reportando erros como usuário desconhecido e caixa de entrada lotada (cota excedida).
3.4. Interceptação de tráfego (Sniffing)
Interceptação de tráfego, ou sniffing, é uma técnica que consiste em inspecionar os dados trafegados em redes de computadores, por meio do uso de programas específicos chamados de sniffers. Esta técnica pode ser utilizada de forma:
- Legítima: por administradores de redes, para detectar problemas, analisar desempenho e monitorar atividades maliciosas relativas aos computadores ou redes por eles administrados.
- Maliciosa: por atacantes, para capturar informações sensíveis, como senhas, números de cartão de crédito e o conteúdo de arquivos confidenciais que estejam trafegando por meio de conexões inseguras, ou seja, sem criptografia.
Note que as informações capturadas por esta técnica são armazenadas na forma como trafegam, ou seja, informações que trafegam criptografadas apenas serão úteis ao atacante se ele conseguir decodificá-las (mais detalhes no Capítulo Criptografia).
3.5. Força bruta (Brute force)
Um ataque de força bruta, ou brute force, consiste em adivinhar, por tentativa e erro, um nome de usuário e senha e, assim, executar processos e acessar sites, computadores e serviços em nome e com os mesmos privilégios deste usuário.
Qualquer computador, equipamento de rede ou serviço que seja acessível via Internet, com um nome de usuário e uma senha, pode ser alvo de um ataque de força bruta. Dispositivos móveis, que estejam protegidos por senha, além de poderem ser atacados pela rede, também podem ser alvo deste tipo de ataque caso o atacante tenha acesso físico a eles.
Se um atacante tiver conhecimento do seu nome de usuário e da sua senha ele pode efetuar ações maliciosas em seu nome como, por exemplo:
- trocar a sua senha, dificultando que você acesse novamente o site ou computador invadido;
- invadir o serviço de e-mail que você utiliza e ter acesso ao conteúdo das suas mensagens e à sua lista de contatos, além de poder enviar mensagens em seu nome;
- acessar a sua rede social e enviar mensagens aos seus seguidores contendo códigos maliciosos ou alterar as suas opções de privacidade;
- invadir o seu computador e, de acordo com as permissões do seu usuário, executar ações, como apagar arquivos, obter informações confidenciais e instalar códigos maliciosos.
Mesmo que o atacante não consiga descobrir a sua senha, você pode ter problemas ao acessar a sua conta caso ela tenha sofrido um ataque de força bruta, pois muitos sistemas bloqueiam as contas quando várias tentativas de acesso sem sucesso são realizadas.
Apesar dos ataques de força bruta poderem ser realizados manualmente, na grande maioria dos casos, eles são realizados com o uso de ferramentas automatizadas facilmente obtidas na Internet e que permitem tornar o ataque bem mais efetivo.
As tentativas de adivinhação costumam ser baseadas em:
- dicionários de diferentes idiomas e que podem ser facilmente obtidos na Internet;
- listas de palavras comumente usadas, como personagens de filmes e nomes de times de futebol;
- substituições óbvias de caracteres, como trocar "
a
" por "@
" e "o
" por "0
"';
- sequências numéricas e de teclado, como "
123456
", "qwert
" e "1qaz2wsx
";
- informações pessoais, de conhecimento prévio do atacante ou coletadas na Internet em redes sociais e blogs, como nome, sobrenome, datas e números de documentos.
Um ataque de força bruta, dependendo de como é realizado, pode resultar em um ataque de negação de serviço, devido à sobrecarga produzida pela grande quantidade de tentativas realizadas em um pequeno período de tempo (mais detalhes no Capítulo Contas e senhas).
3.6. Desfiguração de página (Defacement)
Desfiguração de página, defacement ou pichação, é uma técnica que consiste em alterar o conteúdo da página Web de um site.
As principais formas que um atacante, neste caso também chamado de defacer, pode utilizar para desfigurar uma página Web são:
- explorar erros da aplicação Web;
- explorar vulnerabilidades do servidor de aplicação Web;
- explorar vulnerabilidades da linguagem de programação ou dos pacotes utilizados no desenvolvimento da aplicação Web;
- invadir o servidor onde a aplicação Web está hospedada e alterar diretamente os arquivos que compõem o site;
- furtar senhas de acesso à interface Web usada para administração remota.
Para ganhar mais visibilidade, chamar mais atenção e atingir maior número de visitantes, geralmente, os atacantes alteram a página principal do site, porém páginas internas também podem ser alteradas.
3.7. Negação de serviço (DoS e DDoS)
Negação de serviço, ou DoS (Denial of Service), é uma técnica pela qual um atacante utiliza um computador para tirar de operação um serviço, um computador ou uma rede conectada à Internet. Quando utilizada de forma coordenada e distribuída, ou seja, quando um conjunto de computadores é utilizado no ataque, recebe o nome de negação de serviço distribuído, ou DDoS (Distributed Denial of Service).
O objetivo destes ataques não é invadir e nem coletar informações, mas sim exaurir recursos e causar indisponibilidades ao alvo. Quando isto ocorre, todas as pessoas que dependem dos recursos afetados são prejudicadas, pois ficam impossibilitadas de acessar ou realizar as operações desejadas.
Nos casos já registrados de ataques, os alvos ficaram impedidos de oferecer serviços durante o período em que eles ocorreram, mas, ao final, voltaram a operar normalmente, sem que tivesse havido vazamento de informações ou comprometimento de sistemas ou computadores.
Uma pessoa pode voluntariamente usar ferramentas e fazer com que seu computador seja utilizado em ataques. A grande maioria dos computadores, porém, participa dos ataques sem o conhecimento de seu dono, por estar infectado e fazendo parte de botnets (mais detalhes na Seção 4.3 do Capítulo Códigos Maliciosos (Malware)).
Ataques de negação de serviço podem ser realizados por diversos meios, como:
- pelo envio de grande quantidade de requisições para um serviço, consumindo os recursos necessários ao seu funcionamento (processamento, número de conexões simultâneas, memória e espaço em disco, por exemplo) e impedindo que as requisições dos demais usuários sejam atendidas;
- pela geração de grande tráfego de dados para uma rede, ocupando toda a banda disponível e tornando indisponível qualquer acesso a computadores ou serviços desta rede;
- pela exploração de vulnerabilidades existentes em programas, que podem fazer com que um determinado serviço fique inacessível.
Nas situações onde há saturação de recursos, caso um serviço não tenha sido bem dimensionado, ele pode ficar inoperante ao tentar atender as próprias solicitações legítimas. Por exemplo, um site de transmissão dos jogos da Copa de Mundo pode não suportar uma grande quantidade de usuários que queiram assistir aos jogos finais e parar de funcionar.
3.8. Prevenção
O que define as chances de um ataque na Internet ser ou não bem sucedido é o conjunto de medidas preventivas tomadas pelos usuários, desenvolvedores de aplicações e administradores dos computadores, serviços e equipamentos envolvidos.
Se cada um fizer a sua parte, muitos dos ataques realizados via Internet podem ser evitados ou, ao menos, minimizados.
A parte que cabe a você, como usuário da Internet, é proteger os seus dados, fazer uso dos mecanismos de proteção disponíveis e manter o seu computador atualizado e livre de códigos maliciosos. Ao fazer isto, você estará contribuindo para a segurança geral da Internet, pois:
- quanto menor a quantidade de computadores vulneráveis e infectados, menor será a potência das botnets e menos eficazes serão os ataques de negação de serviço (mais detalhes na Seção 4.3, do Capítulo Códigos Maliciosos (Malware));
- quanto mais consciente dos mecanismos de segurança você estiver, menores serão as chances de sucesso dos atacantes (mais detalhes no Capítulo Mecanismos de segurança);
- quanto melhores forem as suas senhas, menores serão as chances de sucesso de ataques de força bruta e, consequentemente, de suas contas serem invadidas (mais detalhes no Capítulo Contas e senhas);
- quanto mais os usuários usarem criptografia para proteger os dados armazenados nos computadores ou aqueles transmitidos pela Internet, menores serão as chances de tráfego em texto claro ser interceptado por atacantes (mais detalhes no Capítulo Criptografia);
- quanto menor a quantidade de vulnerabilidades existentes em seu computador, menores serão as chances de ele ser invadido ou infectado (mais detalhes no CapítuloSegurança de computadores).
Faça sua parte e contribua para a segurança da Internet, incluindo a sua própria!
4. Códigos maliciosos (Malware)
Códigos maliciosos (malware) são programas especificamente desenvolvidos para executar ações danosas e atividades maliciosas em um computador. Algumas das diversas formas como os códigos maliciosos podem infectar ou comprometer um computador são:
- pela exploração de vulnerabilidades existentes nos programas instalados;
- pela auto-execução de mídias removíveis infectadas, como pen-drives;
- pelo acesso a páginas Web maliciosas, utilizando navegadores vulneráveis;
- pela ação direta de atacantes que, após invadirem o computador, incluem arquivos contendo códigos maliciosos;
- pela execução de arquivos previamente infectados, obtidos em anexos de mensagens eletrônicas, via mídias removíveis, em páginas Web ou diretamente de outros computadores (através do compartilhamento de recursos).
Uma vez instalados, os códigos maliciosos passam a ter acesso aos dados armazenados no computador e podem executar ações em nome dos usuários, de acordo com as permissões de cada usuário.
Os principais motivos que levam um atacante a desenvolver e a propagar códigos maliciosos são a obtenção de vantagens financeiras, a coleta de informações confidenciais, o desejo de autopromoção e o vandalismo. Além disto, os códigos maliciosos são muitas vezes usados como intermediários e possibilitam a prática de golpes, a realização de ataques e a disseminação de spam (mais detalhes nos Capítulos Golpes na Internet, Ataques na Internet e Spam, respectivamente).
Os principais tipos de códigos maliciosos existentes são apresentados nas próximas seções.
4.1. Vírus
Vírus é um programa ou parte de um programa de computador, normalmente malicioso, que se propaga inserindo cópias de si mesmo e se tornando parte de outros programas e arquivos.
Para que possa se tornar ativo e dar continuidade ao processo de infecção, o vírus depende da execução do programa ou arquivo hospedeiro, ou seja, para que o seu computador seja infectado é preciso que um programa já infectado seja executado.
O principal meio de propagação de vírus costumava ser os disquetes. Com o tempo, porém, estas mídias caíram em desuso e começaram a surgir novas maneiras, como o envio de e-mail. Atualmente, as mídias removíveis tornaram-se novamente o principal meio de propagação, não mais por disquetes, mas, principalmente, pelo uso de pen-drives.
Há diferentes tipos de vírus. Alguns procuram permanecer ocultos, infectando arquivos do disco e executando uma série de atividades sem o conhecimento do usuário. Há outros que permanecem inativos durante certos períodos, entrando em atividade apenas em datas específicas. Alguns dos tipos de vírus mais comuns são:
- Vírus propagado por e-mail: recebido como um arquivo anexo a um e-mail cujo conteúdo tenta induzir o usuário a clicar sobre este arquivo, fazendo com que seja executado. Quando entra em ação, infecta arquivos e programas e envia cópias de si mesmo para os e-mails encontrados nas listas de contatos gravadas no computador.
- Vírus de script: escrito em linguagem de script, como VBScript e JavaScript, e recebido ao acessar uma página Web ou por e-mail, como um arquivo anexo ou como parte do próprio e-mail escrito em formato HTML. Pode ser automaticamente executado, dependendo da configuração do navegador Web e do programa leitor de e-mails do usuário.
- Vírus de macro: tipo específico de vírus de script, escrito em linguagem de macro, que tenta infectar arquivos manipulados por aplicativos que utilizam esta linguagem como, por exemplo, os que compõe o Microsoft Office (Excel, Word e PowerPoint, entre outros).
- Vírus de telefone celular: vírus que se propaga de celular para celular por meio da tecnologia bluetooth ou de mensagens MMS (Multimedia Message Service). A infecção ocorre quando um usuário permite o recebimento de um arquivo infectado e o executa. Após infectar o celular, o vírus pode destruir ou sobrescrever arquivos, remover ou transmitir contatos da agenda, efetuar ligações telefônicas e drenar a carga da bateria, além de tentar se propagar para outros celulares.
4.2. Worm
Worm é um programa capaz de se propagar automaticamente pelas redes, enviando cópias de si mesmo de computador para computador.
Diferente do vírus, o worm não se propaga por meio da inclusão de cópias de si mesmo em outros programas ou arquivos, mas sim pela execução direta de suas cópias ou pela exploração automática de vulnerabilidades existentes em programas instalados em computadores.
Worms são notadamente responsáveis por consumir muitos recursos, devido à grande quantidade de cópias de si mesmo que costumam propagar e, como consequência, podem afetar o desempenho de redes e a utilização de computadores.
O processo de propagação e infecção dos worms ocorre da seguinte maneira:
- Identificação dos computadores alvos: após infectar um computador, o worm tenta se propagar e continuar o processo de infecção. Para isto, necessita identificar os computadores alvos para os quais tentará se copiar, o que pode ser feito de uma ou mais das seguintes maneiras:
- efetuar varredura na rede e identificar computadores ativos;
- aguardar que outros computadores contatem o computador infectado;
- utilizar listas, predefinidas ou obtidas na Internet, contendo a identificação dos alvos;
- utilizar informações contidas no computador infectado, como arquivos de configuração e listas de endereços de e-mail.
- Envio das cópias: após identificar os alvos, o worm efetua cópias de si mesmo e tenta enviá-las para estes computadores, por uma ou mais das seguintes formas:
- como parte da exploração de vulnerabilidades existentes em programas instalados no computador alvo;
- anexadas a e-mails;
- via canais de IRC (Internet Relay Chat);
- via programas de troca de mensagens instantâneas;
- incluídas em pastas compartilhadas em redes locais ou do tipo P2P (Peer to Peer).
- Ativação das cópias: após realizado o envio da cópia, o worm necessita ser executado para que a infecção ocorra, o que pode acontecer de uma ou mais das seguintes maneiras:
- imediatamente após ter sido transmitido, pela exploração de vulnerabilidades em programas sendo executados no computador alvo no momento do recebimento da cópia;
- diretamente pelo usuário, pela execução de uma das cópias enviadas ao seu computador;
- pela realização de uma ação específica do usuário, a qual o worm está condicionado como, por exemplo, a inserção de uma mídia removível.
- Reinício do processo: após o alvo ser infectado, o processo de propagação e infecção recomeça, sendo que, a partir de agora, o computador que antes era o alvo passa a ser também o computador originador dos ataques.
4.3. Bot e botnet
Bot é um programa que dispõe de mecanismos de comunicação com o invasor que permitem que ele seja controlado remotamente. Possui processo de infecção e propagação similar ao do worm, ou seja, é capaz de se propagar automaticamente, explorando vulnerabilidades existentes em programas instalados em computadores.
A comunicação entre o invasor e o computador infectado pelo bot pode ocorrer via canais de IRC, servidores Web e redes do tipo P2P, entre outros meios. Ao se comunicar, o invasor pode enviar instruções para que ações maliciosas sejam executadas, como desferir ataques, furtar dados do computador infectado e enviar spam.
Um computador infectado por um bot costuma ser chamado de zumbi (zombie computer), pois pode ser controlado remotamente, sem o conhecimento do seu dono. Também pode ser chamado de spam zombie quando o bot instalado o transforma em um servidor de e-mails e o utiliza para o envio de spam.
Botnet é uma rede formada por centenas ou milhares de computadores zumbis e que permite potencializar as ações danosas executadas pelos bots.
Quanto mais zumbis participarem da botnet mais potente ela será. O atacante que a controlar, além de usá-la para seus próprios ataques, também pode alugá-la para outras pessoas ou grupos que desejem que uma ação maliciosa específica seja executada.
Algumas das ações maliciosas que costumam ser executadas por intermédio de botnets são: ataques de negação de serviço, propagação de códigos maliciosos (inclusive do próprio bot), coleta de informações de um grande número de computadores, envio de spam e camuflagem da identidade do atacante (com o uso de proxies instalados nos zumbis).
O esquema simplificado apresentado a seguir exemplifica o funcionamento básico de uma botnet:
- Um atacante propaga um tipo específico de bot na esperança de infectar e conseguir a maior quantidade possível de zumbis;
- os zumbis ficam então à disposição do atacante, agora seu controlador, à espera dos comandos a serem executados;
- quando o controlador deseja que uma ação seja realizada, ele envia aos zumbis os comandos a serem executados, usando, por exemplo, redes do tipo P2P ou servidores centralizados;
- os zumbis executam então os comandos recebidos, durante o período predeterminado pelo controlador;
- quando a ação se encerra, os zumbis voltam a ficar à espera dos próximos comandos a serem executados.
4.4. Spyware
Spyware é um programa projetado para monitorar as atividades de um sistema e enviar as informações coletadas para terceiros.
Pode ser usado tanto de forma legítima quanto maliciosa, dependendo de como é instalado, das ações realizadas, do tipo de informação monitorada e do uso que é feito por quem recebe as informações coletadas. Pode ser considerado de uso:
- Legítimo: quando instalado em um computador pessoal, pelo próprio dono ou com consentimento deste, com o objetivo de verificar se outras pessoas o estão utilizando de modo abusivo ou não autorizado.
- Malicioso: quando executa ações que podem comprometer a privacidade do usuário e a segurança do computador, como monitorar e capturar informações referentes à navegação do usuário ou inseridas em outros programas (por exemplo, conta de usuário e senha).
Alguns tipos específicos de programas spyware são:
Keylogger: capaz de capturar e armazenar as teclas digitadas pelo usuário no teclado do computador. Sua ativação, em muitos casos, é condicionada a uma ação prévia do usuário, como o acesso a um site específico de comércio eletrônico ou de Internet Banking.
Screenlogger: similar ao keylogger, capaz de armazenar a posição do cursor e a tela apresentada no monitor, nos momentos em que o mouse é clicado, ou a região que circunda a posição onde o mouse é clicado. É bastante utilizado por atacantes para capturar as teclas digitadas pelos usuários em teclados virtuais, disponíveis principalmente em sites de Internet Banking.
Adware: projetado especificamente para apresentar propagandas. Pode ser usado para fins legítimos, quando incorporado a programas e serviços, como forma de patrocínio ou retorno financeiro para quem desenvolve programas livres ou presta serviços gratuitos. Também pode ser usado para fins maliciosos, quando as propagandas apresentadas são direcionadas, de acordo com a navegação do usuário e sem que este saiba que tal monitoramento está sendo feito.
4.5. Backdoor
Backdoor é um programa que permite o retorno de um invasor a um computador comprometido, por meio da inclusão de serviços criados ou modificados para este fim.
Pode ser incluído pela ação de outros códigos maliciosos, que tenham previamente infectado o computador, ou por atacantes, que exploram vulnerabilidades existentes nos programas instalados no computador para invadi-lo.
Após incluído, o backdoor é usado para assegurar o acesso futuro ao computador comprometido, permitindo que ele seja acessado remotamente, sem que haja necessidade de recorrer novamente aos métodos utilizados na realização da invasão ou infecção e, na maioria dos casos, sem que seja notado.
A forma usual de inclusão de um backdoor consiste na disponibilização de um novo serviço ou na substituição de um determinado serviço por uma versão alterada, normalmente possuindo recursos que permitem o acesso remoto. Programas de administração remota, como BackOrifice, NetBus, SubSeven, VNC e Radmin, se mal configurados ou utilizados sem o consentimento do usuário, também podem ser classificados como backdoors.
Há casos de backdoors incluídos propositalmente por fabricantes de programas, sob alegação de necessidades administrativas. Esses casos constituem uma séria ameaça à segurança de um computador que contenha um destes programas instalados pois, além de comprometerem a privacidade do usuário, também podem ser usados por invasores para acessarem remotamente o computador.
4.6. Cavalo de troia (Trojan)
Cavalo de troia, trojan ou trojan-horse, é um programa que, além de executar as funções para as quais foi aparentemente projetado, também executa outras funções, normalmente maliciosas, e sem o conhecimento do usuário.
Exemplos de trojans são programas que você recebe ou obtém de sites na Internet e que parecem ser apenas cartões virtuais animados, álbuns de fotos, jogos e protetores de tela, entre outros. Estes programas, geralmente, consistem de um único arquivo e necessitam ser explicitamente executados para que sejam instalados no computador.
Trojans também podem ser instalados por atacantes que, após invadirem um computador, alteram programas já existentes para que, além de continuarem a desempenhar as funções originais, também executem ações maliciosas.
Há diferentes tipos de trojans, classificados de acordo com as ações maliciosas que costumam executar ao infectar um computador. Alguns destes tipos são:
- Trojan Downloader: instala outros códigos maliciosos, obtidos de sites na Internet.
- Trojan Dropper: instala outros códigos maliciosos, embutidos no próprio código do trojan.
- Trojan Backdoor: inclui backdoors, possibilitando o acesso remoto do atacante ao computador.
- Trojan DoS: instala ferramentas de negação de serviço e as utiliza para desferir ataques.
- Trojan Destrutivo: altera/apaga arquivos e diretórios, formata o disco rígido e pode deixar o computador fora de operação.
- Trojan Clicker: redireciona a navegação do usuário para sites específicos, com o objetivo de aumentar a quantidade de acessos a estes sites ou apresentar propagandas.
- Trojan Proxy: instala um servidor de proxy, possibilitando que o computador seja utilizado para navegação anônima e para envio de spam.
- Trojan Spy: instala programas spyware e os utiliza para coletar informações sensíveis, como senhas e números de cartão de crédito, e enviá-las ao atacante.
- Trojan Banker ou Bancos: coleta dados bancários do usuário, através da instalação de programas spyware que são ativados quando sites de Internet Banking são acessados. É similar ao Trojan Spy porém com objetivos mais específicos.
4.7. Rootkit
Rootkit é um conjunto de programas e técnicas que permite esconder e assegurar a presença de um invasor ou de outro código malicioso em um computador comprometido.
O conjunto de programas e técnicas fornecido pelos rootkits pode ser usado para:
- remover evidências em arquivos de logs (mais detalhes na Seção 7.6 do Capítulo Mecanismos de segurança);
- instalar outros códigos maliciosos, como backdoors, para assegurar o acesso futuro ao computador infectado;
- esconder atividades e informações, como arquivos, diretórios, processos, chaves de registro, conexões de rede, etc;
- mapear potenciais vulnerabilidades em outros computadores, por meio de varreduras na rede;
- capturar informações da rede onde o computador comprometido está localizado, pela interceptação de tráfego.
É muito importante ressaltar que o nome rootkit não indica que os programas e as técnicas que o compõe são usadas para obter acesso privilegiado a um computador, mas sim para mantê-lo.
Rootkits inicialmente eram usados por atacantes que, após invadirem um computador, os instalavam para manter o acesso privilegiado, sem precisar recorrer novamente aos métodos utilizados na invasão, e para esconder suas atividades do responsável e/ou dos usuários do computador. Apesar de ainda serem bastante usados por atacantes, os rootkits atualmente têm sido também utilizados e incorporados por outros códigos maliciosos para ficarem ocultos e não serem detectados pelo usuário e nem por mecanismos de proteção.
Há casos de rootkits instalados propositalmente por empresas distribuidoras de CDs de música, sob a alegação de necessidade de proteção aos direitos autorais de suas obras. A instalação nestes casos costumava ocorrer de forma automática, no momento em que um dos CDs distribuídos contendo o código malicioso era inserido e executado. É importante ressaltar que estes casos constituem uma séria ameaça à segurança do computador, pois os rootkits instalados, além de comprometerem a privacidade do usuário, também podem ser reconfigurados e utilizados para esconder a presença e os arquivos inseridos por atacantes ou por outros códigos maliciosos.
4.8. Prevenção
Para manter o seu computador livre da ação dos códigos maliciosos existe um conjunto de medidas preventivas que você precisa adotar. Essas medidas incluem manter os programas instalados com as versões mais recentes e com todas as atualizações disponíveis aplicadas e usar mecanismos de segurança, como antimalware e firewall pessoal.
Além disso, há alguns cuidados que você e todos que usam o seu computador devem tomar sempre que forem manipular arquivos. Novos códigos maliciosos podem surgir, a velocidades nem sempre acompanhadas pela capacidade de atualização dos mecanismos de segurança.
Informações sobre os principais mecanismos de segurança que você deve utilizar são apresentados no Capítulo Mecanismos de segurança. Outros cuidados que você deve tomar para manter seu computador seguro são apresentados no Capítulo Segurança de computadores.
4.9. Resumo comparativo
Cada tipo de código malicioso possui características próprias que o define e o diferencia dos demais tipos, como forma de obtenção, forma de instalação, meios usados para propagação e ações maliciosas mais comuns executadas nos computadores infectados. Para facilitar a classificação e a conceituação, a Tabela 4.1 apresenta um resumo comparativo das características de cada tipo.
É importante ressaltar, entretanto, que definir e identificar essas características têm se tornado tarefas cada vez mais difíceis, devido às diferentes classificações existentes e ao surgimento de variantes que mesclam características dos demais códigos. Desta forma, o resumo apresentado na tabela não é definitivo e baseia-se nas definições apresentadas nesta Cartilha.
Tabela 4.1: Resumo comparativo entre os códigos maliciosos.
|
Códigos Maliciosos |
Como é obtido: |
Recebido automaticamente pela rede |
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✔ |
✔ |
|
|
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|
Recebido por e-mail |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
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Baixado de sites na Internet |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
|
|
Compartilhamento de arquivos |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
|
|
Uso de mídias removíveis infectadas |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
|
|
Redes sociais |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
|
|
Mensagens instantâneas |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
|
|
Inserido por um invasor |
|
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
Ação de outro código malicioso |
|
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
Como ocorre a instalação: |
Execução de um arquivo infectado |
✔ |
|
|
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|
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Execução explícita do código malicioso |
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✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
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|
Via execução de outro código malicioso |
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✔ |
✔ |
Exploração de vulnerabilidades |
|
✔ |
✔ |
|
|
✔ |
✔ |
Como se propaga: |
Insere cópia de si próprio em arquivos |
✔ |
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|
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|
|
|
Envia cópia de si próprio automaticamente pela rede |
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✔ |
✔ |
|
|
|
|
Envia cópia de si próprio automaticamente por e-mail |
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✔ |
✔ |
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Não se propaga |
|
|
|
✔ |
✔ |
✔ |
✔ |
Ações maliciosas mais comuns: |
Altera e/ou remove arquivos |
✔ |
|
|
✔ |
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Consome grande quantidade de recursos |
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Furta informações sensíveis |
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Instala outros códigos maliciosos |
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Possibilita o retorno do invasor |
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Envia spam e phishing |
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Desfere ataques na Internet |
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Procura se manter escondido |
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5. Spam
Spam é o termo usado para se referir aos e-mails não solicitados, que geralmente são enviados para um grande número de pessoas. Quando este tipo de mensagem possui conteúdo exclusivamente comercial também é referenciado como UCE (Unsolicited Commercial E-mail).
O spam em alguns pontos se assemelha a outras formas de propaganda, como a carta colocada na caixa de correio, o panfleto recebido na esquina e a ligação telefônica ofertando produtos. Porém, o que o difere é justamente o que o torna tão atraente e motivante para quem o envia (spammer): ao passo que nas demais formas o remetente precisa fazer algum tipo de investimento, o spammer necessita investir muito pouco, ou até mesmo nada, para alcançar os mesmos objetivos e em uma escala muito maior.
Desde o primeiro spam registrado e batizado como tal, em 1994, essa prática tem evoluído, acompanhando o desenvolvimento da Internet e de novas aplicações e tecnologias. Atualmente, o envio de spam é uma prática que causa preocupação, tanto pelo aumento desenfreado do volume de mensagens na rede, como pela natureza e pelos objetivos destas mensagens.
Spams estão diretamente associados a ataques à segurança da Internet e do usuário, sendo um dos grandes responsáveis pela propagação de códigos maliciosos, disseminação de golpes e venda ilegal de produtos.
Algumas das formas como você pode ser afetado pelos problemas causados pelos spams são:
- Perda de mensagens importantes: devido ao grande volume de spam recebido, você corre o risco de não ler mensagens importantes, lê-las com atraso ou apagá-las por engano.
- Conteúdo impróprio ou ofensivo: como grande parte dos spams são enviados para conjuntos aleatórios de endereços de e-mail, é bastante provável que você receba mensagens cujo conteúdo considere impróprio ou ofensivo.
- Gasto desnecessário de tempo: para cada spam recebido, é necessário que você gaste um tempo para lê-lo, identificá-lo e removê-lo da sua caixa postal, o que pode resultar em gasto desnecessário de tempo e em perda de produtividade.
- Não recebimento de e-mails: caso o número de spams recebidos seja grande e você utilize um serviço de e-mail que limite o tamanho de caixa postal, você corre o risco de lotar a sua área de e-mail e, até que consiga liberar espaço, ficará impedido de receber novas mensagens.
- Classificação errada de mensagens: caso utilize sistemas de filtragem com regras antispam ineficientes, você corre o risco de ter mensagens legítimas classificadas comospam e que, de acordo com as suas configurações, podem ser apagadas, movidas para quarentena ou redirecionadas para outras pastas de e-mail.
Independente do tipo de acesso à Internet usado, é o destinatário do spam quem paga pelo envio da mensagem. Os provedores, para tentar minimizar os problemas, provisionam mais recursos computacionais e os custos derivados acabam sendo transferidos e incorporados ao valor mensal que os usuários pagam.
Alguns dos problemas relacionados a spam que provedores e empresas costumam enfrentar são:
- Impacto na banda: o volume de tráfego gerado pelos spams faz com que seja necessário aumentar a capacidade dos links de conexão com a Internet.
- Má utilização dos servidores: boa parte dos recursos dos servidores de e-mail, como tempo de processamento e espaço em disco, são consumidos no tratamento de mensagens não solicitadas.
- Inclusão em listas de bloqueio: um provedor que tenha usuários envolvidos em casos de envio de spam pode ter a rede incluída em listas de bloqueio, o que pode prejudicar o envio de e-mails por parte dos demais usuários e resultar em perda de clientes.
- Investimento extra em recursos: os problemas gerados pelos spams fazem com que seja necessário aumentar os investimentos, para a aquisição de equipamentos e sistemas de filtragem e para a contratação de mais técnicos especializados na sua operação.
Os spammers utilizam diversas técnicas para coletar endereços de e-mail, desde a compra de bancos de dados até a produção de suas próprias listas, geradas a partir de:
- Ataques de dicionário: consistem em formar endereços de e-mail a partir de listas de nomes de pessoas, de palavras presentes em dicionários e/ou da combinação de caracteres alfanuméricos.
- Códigos maliciosos: muitos códigos maliciosos são projetados para varrer o computador infectado em busca de endereços de e-mail que, posteriormente, são repassados para os spammers.
- Harvesting: consiste em coletar endereços de e-mail por meio de varreduras em páginas Web e arquivos de listas de discussão, entre outros. Para tentar combater esta técnica, muitas páginas Web e listas de discussão apresentam os endereços de forma ofuscada (por exemplo, substituindo o "
@
" por "(at)
" e os pontos pela palavra "dot
"). Infelizmente, tais substituições são previstas por vários dos programas que implementam esta técnica.
Após efetuarem a coleta, os spammers procuram confirmar a existência dos endereços de e-mail e, para isto, costumam se utilizar de artifícios, como:
- enviar mensagens para os endereços coletados e, com base nas respostas recebidas dos servidores de e-mail, identificar quais endereços são válidos e quais não são;
- incluir no spam um suposto mecanismo para a remoção da lista de e-mails, como um link ou um endereço de e-mail (quando o usuário solicita a remoção, na verdade está confirmando para o spammer que aquele endereço de e-mail é válido e realmente utilizado);
- incluir no spam uma imagem do tipo Web bug, projetada para monitorar o acesso a uma página Web ou e-mail (quando o usuário abre o spam, o Web bug é acessado e ospammer recebe a confirmação que aquele endereço de e-mail é válido).
5.1. Prevenção
É muito importante que você saiba como identificar os spams, para poder detectá-los mais facilmente e agir adequadamente. As principais características dos spams são:
- Apresentam cabeçalho suspeito: o cabeçalho do e-mail aparece incompleto, por exemplo, os campos de remetente e/ou destinatário aparecem vazios ou com apelidos/nomes genéricos, como "
amigo@
" e "suporte@
". - Apresentam no campo Assunto (Subject) palavras com grafia errada ou suspeita: a maioria dos filtros antispam utiliza o conteúdo deste campo para barrar e-mails com assuntos considerados suspeitos. No entanto, os spammers adaptam-se e tentam enganar os filtros colocando neste campo conteúdos enganosos, como `
`vi@gra
'' (em vez de "viagra
"). - Apresentam no campo Assunto textos alarmantes ou vagos: na tentativa de confundir os filtros antispam e de atrair a atenção dos usuários, os spammers costumam colocar textos alarmantes, atraentes ou vagos demais, como "
Sua senha está inválida
", "A informação que você pediu
" e "Parabéns
". - Oferecem opção de remoção da lista de divulgação: alguns spams tentam justificar o abuso, alegando que é possível sair da lista de divulgação, clicando no endereço anexo ao e-mail. Este artifício, porém, além de não retirar o seu endereço de e-mail da lista, também serve para validar que ele realmente existe e que é lido por alguém.
- Prometem que serão enviados "uma única vez": ao alegarem isto, sugerem que não é necessário que você tome alguma ação para impedir que a mensagem seja novamente enviada.
- Baseiam-se em leis e regulamentações inexistentes: muitos spams tentam embasar o envio em leis e regulamentações brasileiras referentes à prática de spam que, até o momento de escrita desta Cartilha, não existem.
Alguns cuidados que você deve tomar para tentar reduzir a quantidade de spams recebidos são:
- procure filtrar as mensagens indesejadas, por meio de programas instalados em servidores ou em seu computador e de sistemas integrados a Webmails e leitores de e-mails. É interessante consultar o seu provedor de e-mail, ou o administrador de sua rede, para verificar os recursos existentes e como usá-los;
- alguns Webmails usam filtros baseados em "tira-teima", onde é exigido do remetente a confirmação do envio (após confirmá-la, ele é incluído em uma lista de remetentes autorizados e, a partir daí, pode enviar e-mails livremente). Ao usar esses sistemas, procure autorizar previamente os remetentes desejáveis, incluindo fóruns e listas de discussão, pois nem todos confirmam o envio e, assim, você pode deixar de receber mensagens importantes;
- muitos filtros colocam as mensagens classificadas como spam em quarentena. É importante que você, de tempos em tempos, verifique esta pasta, pois podem acontecer casos de falsos positivos e mensagens legítimas virem a ser classificadas como spam. Caso você, mesmo usando filtros, receba um spam, deve classificá-lo como tal, pois estará ajudando a treinar o filtro;
- seja cuidadoso ao fornecer seu endereço de e-mail. Existem situações onde não há motivo para que o seu e-mail seja fornecido. Ao preencher um cadastro, por exemplo, pense se é realmente necessário fornecer o seu e-mail e se você deseja receber mensagens deste local;
- fique atento a opções pré-selecionadas. Em alguns formulários ou cadastros preenchidos pela Internet, existe a pergunta se você quer receber e-mails, por exemplo, sobre promoções e lançamentos de produtos, cuja resposta já vem marcada como afirmativa. Fique atento a esta questão e desmarque-a, caso não deseje receber este tipo de mensagem;
- não siga links recebidos em spams e não responda mensagens deste tipo (estas ações podem servir para confirmar que seu e-mail é válido);
- desabilite a abertura de imagens em e-mails HTML (o fato de uma imagem ser acessada pode servir para confirmar que a mensagem foi lida);
- crie contas de e-mail secundárias e forneça-as em locais onde as chances de receber spam são grandes, como ao preencher cadastros em lojas e em listas de discussão;
- utilize as opções de privacidade das redes sociais (algumas redes permitem esconder o seu endereço de e-mail ou restringir as pessoas que terão acesso a ele);
- respeite o endereço de e-mail de outras pessoas. Use a opção de "
Bcc:
" ao enviar e-mail para grandes quantidades de pessoas. Ao encaminhar mensagens, apague a lista de antigos destinatários, pois mensagens reencaminhadas podem servir como fonte de coleta para spammers.
6. Outros riscos
Atualmente, devido à grande quantidade de serviços disponíveis, a maioria das ações dos usuários na Internet são executadas pelo acesso a páginas Web, seja pelo uso de navegadores ou de programas leitores de e-mails com capacidade de processar mensagens em formato HTML.
Para atender a grande demanda, incorporar maior funcionalidade e melhorar a aparência das páginas Web, novos recursos de navegação foram desenvolvidos e novos serviços foram disponibilizados. Estes novos recursos e serviços, infelizmente, não passaram despercebidos por pessoas mal-intencionadas, que viram neles novas possibilidades para coletar informações e aplicar golpes. Alguns destes recursos e serviços, os riscos que representam e os cuidados que você deve tomar ao utilizá-los são apresentados nas Seções 6.1,6.2, 6.3, 6.4, 6.5 e 6.6.
Além disto, a grande quantidade de computadores conectados à rede propiciou e facilitou o compartilhamento de recursos entre os usuários, seja por meio de programas específicos ou pelo uso de opções oferecidas pelos próprios sistemas operacionais. Assim como no caso dos recursos e serviços Web, o compartilhamento de recursos também pode representar riscos e necessitar de alguns cuidados especiais, que são apresentados nas Seções 6.7 e 6.8.
6.1. Cookies
Cookies são pequenos arquivos que são gravados em seu computador quando você acessa sites na Internet e que são reenviados a estes mesmos sites quando novamente visitados. São usados para manter informações sobre você, como carrinho de compras, lista de produtos e preferências de navegação.
Um cookie pode ser temporário (de sessão), quando é apagado no momento em que o navegador Web ou programa leitor de e-mail é fechado, ou permanente (persistente), quando fica gravado no computador até expirar ou ser apagado. Também pode ser primário (first-party), quando definido pelo domínio do site visitado, ou de terceiros (third-party), quando pertencente a outro domínio (geralmente relacionado a anúncios ou imagens incorporados à página que está sendo visitada).
Alguns dos riscos relacionados ao uso de cookies são:
- Compartilhamento de informações: as informações coletadas pelos cookies podem ser indevidamente compartilhadas com outros sites e afetar a sua privacidade. Não é incomum, por exemplo, acessar pela primeira vez um site de música e observar que as ofertas de CDs para o seu gênero musical preferido já estão disponíveis, sem que você tenha feito qualquer tipo de escolha.
- Exploração de vulnerabilidades: quando você acessa uma página Web, o seu navegador disponibiliza uma série de informações sobre o seu computador, como hardware, sistema operacional e programas instalados. Os cookies podem ser utilizados para manter referências contendo estas informações e usá-las para explorar possíveis vulnerabilidades em seu computador.
- Autenticação automática: ao usar opções como "Lembre-se de mim" e "Continuar conectado" nos sites visitados, informações sobre a sua conta de usuário são gravadas emcookies e usadas em autenticações futuras. Esta prática pode ser arriscada quando usada em computadores infectados ou de terceiros, pois os cookies podem ser coletados e permitirem que outras pessoas se autentiquem como você.
- Coleta de informações pessoais: dados preenchidos por você em formulários Web também podem ser gravados em cookies, coletados por atacantes ou códigos maliciosos e indevidamente acessados, caso não estejam criptografados.
- Coleta de hábitos de navegação: quando você acessa diferentes sites onde são usados cookies de terceiros, pertencentes a uma mesma empresa de publicidade, é possível a esta empresa determinar seus hábitos de navegação e, assim, comprometer a sua privacidade.
Prevenção:
Não é indicado bloquear totalmente o recebimento de cookies, pois isto pode impedir o uso adequado ou até mesmo o acesso a determinados sites e serviços. Para se prevenir dos riscos, mas sem comprometer a sua navegação, há algumas dicas que você deve seguir, como:
- ao usar um navegador Web baseado em níveis de permissão, como o Internet Explorer, procure não selecionar níveis de permissão inferiores a "médio";
- em outros navegadores ou programas leitores de e-mail, configure para que, por padrão, os sites não possam definir cookies e crie listas de exceções, cadastrando sitesconsiderados confiáveis e onde o uso de cookies é realmente necessário, como Webmails e de Internet Banking e comércio eletrônico;
- caso você, mesmo ciente dos riscos, decida permitir que por padrão os sites possam definir cookies, procure criar uma lista de exceções e nela cadastre os sites que deseja bloquear;
- configure para que os cookies sejam apagados assim que o navegador for fechado;
- configure para não aceitar cookies de terceiros (ao fazer isto, a sua navegação não deverá ser prejudicada, pois apenas conteúdos relacionados a publicidade serão bloqueados);
- utilize opções de navegar anonimamente, quando usar computadores de terceiros (ao fazer isto, informações sobre a sua navegação, incluindo cookies, não serão gravadas).
Veja que, quando você altera uma configuração de privacidade ela é aplicada aos novos cookies, mas não aos que já estão gravados em seu computador. Assim, ao fazer isto, é importante que você remova os cookies já gravados para garantir que a nova configuração seja aplicada a todos.
6.2. Códigos móveis
Códigos móveis são utilizados por desenvolvedores para incorporar maior funcionalidade e melhorar a aparência de páginas Web. Embora sejam bastante úteis, podem representar riscos quando mal-implementados ou usados por pessoas mal-intencionadas.
Alguns tipos de códigos móveis e os riscos que podem representar são:
- Programas e applets Java: normalmente os navegadores contêm módulos específicos para processar programas Java que, apesar de possuírem mecanismos de segurança, podem conter falhas de implementação e permitir que um programa Java hostil viole a segurança do computador.
- JavaScripts: assim como outros scripts Web, podem ser usados para causar violações de segurança em computadores. Um exemplo de ataque envolvendo JavaScript consiste em redirecionar usuários de um site legítimo para um site falso, para que instalem códigos maliciosos ou forneçam informações pessoais.
- Componentes (ou controles) ActiveX: o navegador Web, pelo esquema de certificados digitais, verifica a procedência de um componente ActiveX antes de recebê-lo. Ao aceitar o certificado, o componente é executado e pode efetuar qualquer tipo de ação, desde enviar um arquivo pela Internet até instalar programas (que podem ter fins maliciosos) em seu computador (mais detalhes sobre certificados digitais são apresentados na Seção 9.4 do Capítulo Criptografia).
Prevenção:
Assim como no caso de cookies, não é indicado bloquear totalmente a execução dos códigos móveis, pois isto pode afetar o acesso a determinados sites e serviços. Para se prevenir dos riscos, mas sem comprometer a sua navegação, há algumas dicas que você deve seguir, como:
- permita a execução de programas Java e de JavaScripts mas assegure-se de utilizar complementos, como por exemplo o NoScript (disponível para alguns navegadores), para liberar gradualmente a execução, conforme necessário e apenas em sites confiáveis;
- permita que componentes ActiveX sejam executados em seu computador apenas quando vierem de sites conhecidos e confiáveis;
- seja cuidadoso ao permitir a instalação de componentes não assinados (mais detalhes na Seção 9.3 do Capítulo Criptografia).
6.3. Janelas de pop-up
Janelas de pop-up são aquelas que aparecem automaticamente e sem permissão, sobrepondo a janela do navegador Web, após você acessar um site. Alguns riscos que podem representar são:
- apresentar mensagens indesejadas, contendo propagandas ou conteúdo impróprio;
- apresentar links, que podem redirecionar a navegação para uma página falsa ou induzi-lo a instalar códigos maliciosos.
Prevenção:
- configure seu navegador Web para, por padrão, bloquear janelas de pop-up;
- crie uma lista de exceções, contendo apenas sites conhecidos e confiáveis e onde forem realmente necessárias.
6.4. Plug-ins, complementos e extensões
Plug-ins, complementos e extensões são programas geralmente desenvolvidos por terceiros e que você pode instalar em seu navegador Web ou leitor de e-mails para prover funcionalidades extras.
Esses programas, na maioria das vezes, são disponibilizados em repositórios, onde podem ser baixados livremente ou comprados. Alguns repositórios efetuam controle rígido sobre os programas antes de disponibilizá-los, outros utilizam classificações referentes ao tipo de revisão, enquanto outros não efetuam nenhum tipo de controle.
Apesar de grande parte destes programas serem confiáveis, há a chance de existir programas especificamente criados para executar atividades maliciosas ou que, devido a erros de implementação, possam executar ações danosas em seu computador.
Prevenção:
- assegure-se de ter mecanismos de segurança instalados e atualizados, antes de instalar programas desenvolvidos por terceiros (mais detalhes no Capítulo Mecanismos de segurança);
- mantenha os programas instalados sempre atualizados (mais detalhes no Capítulo Segurança de computadores);
- procure obter arquivos apenas de fontes confiáveis;
- utilize programas com grande quantidade de usuários (considerados populares) e que tenham sido bem avaliados. Muitos repositórios possuem sistema de classificação, baseado em quantidade de estrelas, concedidas de acordo com as avaliações recebidas. Selecione aqueles com mais estrelas;
- veja comentários de outros usuários sobre o programa, antes de instalá-lo (muitos sites disponibilizam listas de programas mais usados e mais recomendados);
- verifique se as permissões necessárias para a instalação e execução são coerentes, ou seja, um programa de jogos não necessariamente precisa ter acesso aos seus dados pessoais;
- seja cuidadoso ao instalar programas que ainda estejam em processo de revisão;
- denuncie aos responsáveis pelo repositório caso identifique programas maliciosos.
6.5. Links patrocinados
Um anunciante que queira fazer propaganda de um produto ou site paga para o site de busca apresentar o link em destaque quando palavras específicas são pesquisadas. Quando você clica em um link patrocinado, o site de busca recebe do anunciante um valor previamente combinado.
O anunciante geralmente possui uma página Web - com acesso via conta de usuário e senha - para interagir com o site de busca, alterar configurações, verificar acessos e fazer pagamentos. Este tipo de conta é bastante visado por atacantes, com o intuito de criar redirecionamentos para páginas de phishing ou contendo códigos maliciosos e representa o principal risco relacionado a links patrocinados.
Prevenção:
- não use sites de busca para acessar todo e qualquer tipo de site. Por exemplo: você não precisa pesquisar para saber qual é o site do seu banco, já que geralmente o endereço é bem conhecido.
6.6. Banners de propaganda
A Internet não trouxe novas oportunidades de negócio apenas para anunciantes e sites de busca. Usuários, de forma geral, podem obter rendimentos extras alugando espaço em suas páginas para serviços de publicidade.
Caso tenha uma página Web, você pode disponibilizar um espaço nela para que o serviço de publicidade apresente banners de seus clientes. Quanto mais a sua página é acessada e quanto mais cliques são feitos nos banners por intermédio dela, mais você pode vir a ser remunerado.
Infelizmente pessoas mal-intencionadas também viram no uso destes serviços novas oportunidades para aplicar golpes, denominados malvertising. Este tipo de golpe consiste em criar anúncios maliciosos e, por meio de serviços de publicidade, apresentá-los em diversas páginas Web. Geralmente, o serviço de publicidade é induzido a acreditar que se trata de um anúncio legítimo e, ao aceitá-lo, intermedia a apresentação e faz com que ele seja mostrado em diversas páginas.
Prevenção:
- seja cuidadoso ao clicar em banners de propaganda (caso o anúncio lhe interesse, procure ir diretamente para a página do fabricante);
- mantenha o seu computador protegido, com as versões mais recentes e com todas as atualizações aplicadas (mais detalhes no Capítulo Segurança de computadores);
- utilize e mantenha atualizados mecanismos de segurança, como antimalware e firewall pessoal (mais detalhes no Capítulo Mecanismos de segurança);
- seja cuidadoso ao configurar as opções de privacidade em seu navegador Web (mais detalhes no Capítulo Privacidade).
6.7. Programas de distribuição de arquivos (P2P)
Programas de distribuição de arquivos, ou P2P, são aqueles que permitem que os usuários compartilhem arquivos entre si. Alguns exemplos são: Kazaa, Gnutella e BitTorrent. Alguns riscos relacionados ao uso destes programas são:
- Acesso indevido: caso esteja mal configurado ou possua vulnerabilidades o programa de distribuição de arquivos pode permitir o acesso indevido a diretórios e arquivos (além dos compartilhados).
- Obtenção de arquivos maliciosos: os arquivos distribuídos podem conter códigos maliciosos e assim, infectar seu computador ou permitir que ele seja invadido.
- Violação de direitos autorais: a distribuição não autorizada de arquivos de música, filmes, textos ou programas protegidos pela lei de direitos autorais constitui a violação desta lei.
Prevenção:
- mantenha seu programa de distribuição de arquivos sempre atualizado e bem configurado;
- certifique-se de ter um antimalware instalado e atualizado e o utilize para verificar qualquer arquivo obtido (mais detalhes no Capítulo Mecanismos de segurança);
- mantenha o seu computador protegido, com as versões mais recentes e com todas as atualizações aplicadas (mais detalhes no Capítulo Segurança de computadores);
- certifique-se que os arquivos obtidos ou distribuídos são livres, ou seja, não violam as leis de direitos autorais.
6.8. Compartilhamento de recursos
Alguns sistemas operacionais permitem que você compartilhe com outros usuários recursos do seu computador, como diretórios, discos, e impressoras. Ao fazer isto, você pode estar permitindo:
- o acesso não autorizado a recursos ou informações sensíveis;
- que seus recursos sejam usados por atacantes caso não sejam definidas senhas para controle de acesso ou sejam usadas senhas facilmente descobertas.
Por outro lado, assim como você pode compartilhar recursos do seu computador, você também pode acessar recursos que foram compartilhados por outros. Ao usar estes recursos, você pode estar se arriscando a abrir arquivos ou a executar programas que contenham códigos maliciosos.
Prevenção:
- estabeleça senhas para os compartilhamentos;
- estabeleça permissões de acesso adequadas, evitando que usuários do compartilhamento tenham mais acessos que o necessário;
- compartilhe seus recursos pelo tempo mínimo necessário;
- tenha um antimalware instalado em seu computador, mantenha-o atualizado e utilize-o para verificar qualquer arquivo compartilhado (mais detalhes no Capítulo Mecanismos de segurança);
- mantenha o seu computador protegido, com as versões mais recentes e com todas as atualizações aplicadas (mais detalhes no Capítulo Segurança de computadores).
7. Mecanismos de segurança
Agora que você já está ciente de alguns dos riscos relacionados ao uso de computadores e da Internet e que, apesar disso, reconhece que não é possível deixar de usar estes recursos, está no momento de aprender detalhadamente a se proteger.
No seu dia a dia, há cuidados que você toma, muitas vezes de forma instintiva, para detectar e evitar riscos. Por exemplo: o contato pessoal e a apresentação de documentos possibilitam que você confirme a identidade de alguém, a presença na agência do seu banco garante que há um relacionamento com ele, os Cartórios podem reconhecer a veracidade da assinatura de alguém, etc.
E como fazer isto na Internet, onde as ações são realizadas sem contato pessoal e por um meio de comunicação que, em princípio, é considerado inseguro?
Para permitir que você possa aplicar na Internet cuidados similares aos que costuma tomar em seu dia a dia, é necessário que os serviços disponibilizados e as comunicações realizadas por este meio garantam alguns requisitos básicos de segurança, como:
- Identificação: permitir que uma entidade se identifique, ou seja, diga quem ela é.
- Autenticação: verificar se a entidade é realmente quem ela diz ser.
- Autorização: determinar as ações que a entidade pode executar.
- Integridade: proteger a informação contra alteração não autorizada.
- Confidencialidade ou sigilo: proteger uma informação contra acesso não autorizado.
- Não repúdio: evitar que uma entidade possa negar que foi ela quem executou uma ação.
- Disponibilidade: garantir que um recurso esteja disponível sempre que necessário.
Para prover e garantir estes requisitos, foram adaptados e desenvolvidos os mecanismos de segurança que, quando corretamente configurados e utilizados, podem auxiliá-lo a se proteger dos riscos envolvendo o uso da Internet.
Antes de detalhar estes mecanismos, porém, é importante que você seja advertido sobre a possibilidade de ocorrência de "falso positivo". Este termo é usado para designar uma situação na qual um mecanismo de segurança aponta uma atividade como sendo maliciosa ou anômala, quando na verdade trata-se de uma atividade legítima. Um falso positivo pode ser considerado um falso alarme (ou um alarme falso).
Um falso positivo ocorre, por exemplo, quando uma página legítima é classificada como phishing, uma mensagem legítima é considerada spam, um arquivo é erroneamente detectado como estando infectado ou um firewall indica como ataques algumas respostas dadas às solicitações feitas pelo próprio usuário.
Apesar de existir esta possibilidade, isto não deve ser motivo para que os mecanismos de segurança não sejam usados, pois a ocorrência destes casos é geralmente baixa e, muitas vezes, pode ser resolvida com alterações de configuração ou nas regras de verificação.
Nas próximas seções são apresentados alguns dos principais mecanismos de segurança e os cuidados que você deve tomar ao usar cada um deles.
7.1. Política de segurança
A política de segurança define os direitos e as responsabilidades de cada um em relação à segurança dos recursos computacionais que utiliza e as penalidades às quais está sujeito, caso não a cumpra.
É considerada como um importante mecanismo de segurança, tanto para as instituições como para os usuários, pois com ela é possível deixar claro o comportamento esperado de cada um. Desta forma, casos de mau comportamento, que estejam previstos na política, podem ser tratados de forma adequada pelas partes envolvidas.
A política de segurança pode conter outras políticas específicas, como:
- Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra de formação e periodicidade de troca.
- Política de backup: define as regras sobre a realização de cópias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de retenção e frequência de execução.
- Política de privacidade: define como são tratadas as informações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários.
- Política de confidencialidade: define como são tratadas as informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas a terceiros.
- Política de uso aceitável (PUA) ou Acceptable Use Policy (AUP): também chamada de "Termo de Uso" ou "Termo de Serviço", define as regras de uso dos recursos computacionais, os direitos e as responsabilidades de quem os utiliza e as situações que são consideradas abusivas.
A política de uso aceitável costuma ser disponibilizada na página Web e/ou ser apresentada no momento em que a pessoa passa a ter acesso aos recursos. Talvez você já tenha se deparado com estas políticas, por exemplo, ao ser admitido em uma empresa, ao contratar um provedor de acesso e ao utilizar serviços disponibilizados por meio da Internet, como redes sociais e Webmail.
Algumas situações que geralmente são consideradas de uso abusivo (não aceitável) são:
- compartilhamento de senhas;
- divulgação de informações confidenciais;
- envio de boatos e mensagens contendo spam e códigos maliciosos;
- envio de mensagens com objetivo de difamar, caluniar ou ameaçar alguém;
- cópia e distribuição não autorizada de material protegido por direitos autorais;
- ataques a outros computadores;
- comprometimento de computadores ou redes.
O desrespeito à política de segurança ou à política de uso aceitável de uma instituição pode ser considerado como um incidente de segurança e, dependendo das circunstâncias, ser motivo para encerramento de contrato (de trabalho, de prestação de serviços, etc.).
Cuidados a serem tomados:
- procure estar ciente da política de segurança da empresa onde você trabalha e dos serviços que você utiliza (como Webmail e redes sociais);
- fique atento às mudanças que possam ocorrer nas políticas de uso e de privacidade dos serviços que você utiliza, principalmente aquelas relacionadas ao tratamento de dados pessoais, para não ser surpreendido com alterações que possam comprometer a sua privacidade;
- fique atento à política de confidencialidade da empresa onde você trabalha e seja cuidadoso ao divulgar informações profissionais, principalmente em blogs e redes sociais (mais detalhes na Seção 11.1 do Capítulo Privacidade);
- notifique sempre que se deparar com uma atitude considerada abusiva (mais detalhes na Seção 7.2).
7.2. Notificação de incidentes e abusos
Um incidente de segurança pode ser definido como qualquer evento adverso, confirmado ou sob suspeita, relacionado à segurança de sistemas de computação ou de redes de computadores.
Alguns exemplos de incidentes de segurança são: tentativa de uso ou acesso não autorizado a sistemas ou dados, tentativa de tornar serviços indisponíveis, modificação em sistemas (sem o conhecimento ou consentimento prévio dos donos) e o desrespeito à política de segurança ou à política de uso aceitável de uma instituição.
É muito importante que você notifique sempre que se deparar com uma atitude que considere abusiva ou com um incidente de segurança. De modo geral, a lista de pessoas/entidades a serem notificadas inclui: os responsáveis pelo computador que originou a atividade, os responsáveis pela rede que originou o incidente (incluindo o grupo de segurança e abusos, se existir um para aquela rede) e o grupo de segurança e abusos da rede a qual você está conectado (seja um provedor, empresa, universidade ou outro tipo de instituição).
Ao notificar um incidente, além de se proteger e contribuir para a segurança global da Internet, também ajudará outras pessoas a detectarem problemas, como computadores infectados, falhas de configuração e violações em políticas de segurança ou de uso aceitável de recursos.
Para encontrar os responsáveis por uma rede você deve consultar um "servidor de WHOIS", onde são mantidas as bases de dados sobre os responsáveis por cada bloco de números IP existentes. Para IPs alocados ao Brasil você pode consultar o servidor em https://registro.br/cgi-bin/whois/, para os demais países você pode acessar o sitehttps://www.geektools.com/whois.php que aceita consultas referentes a qualquer número IP e as redireciona para os servidores apropriados.
É importante que você mantenha o CERT.br na cópia das suas notificações, pois isto contribuirá para as atividades deste grupo e permitirá que:
- os dados relativos a vários incidentes sejam correlacionados, ataques coordenados sejam identificados e novos tipos de ataques sejam descobertos;
- ações corretivas possam ser organizadas em cooperação com outras instituições;
- sejam geradas estatísticas que reflitam os incidentes ocorridos na Internet brasileira;
- sejam geradas estatísticas sobre a incidência e origem de spams no Brasil;
- sejam escritos documentos, como recomendações e manuais, direcionados às necessidades dos usuários da Internet no Brasil.
A notificação deve incluir a maior quantidade de informações possível, tais como:
- logs completos;
- data, horário e fuso horário (time zone) dos logs ou da atividade que está sendo notificada;
- o e-mail completo, incluindo cabeçalhos e conteúdo (no caso de notificação de spam, trojan, phishing ou outras atividades maliciosas recebidas por e-mail);
- dados completos do incidente ou qualquer outra informação que tenha sido utilizada para identificar a atividade.
Outras informações e respostas para as dúvidas mais comuns referentes ao processo de notificação de incidentes podem ser encontradas na lista de questões mais frequentes (FAQ) mantida pelo CERT.br e disponível em https://www.cert.br/docs/faq1.html.
7.3. Contas e senhas
Contas e senhas são atualmente o mecanismo de autenticação mais usado para o controle de acesso a sites e serviços oferecidos pela Internet.
É por meio das suas contas e senhas que os sistemas conseguem saber quem você é e definir as ações que você pode realizar.
Dicas de elaboração, alteração e gerenciamento, assim como os cuidados que você deve ter ao usar suas contas e senhas, são apresentados no Capítulo Contas e senhas.
7.4. Criptografia
Usando criptografia você pode proteger seus dados contra acessos indevidos, tanto os que trafegam pela Internet como os já gravados em seu computador.
Detalhes sobre como a criptografia pode contribuir para manter a segurança dos seus dados e os conceitos de certificados e assinaturas digitais são apresentados no Capítulo Criptografia.
Detalhes sobre como a criptografia pode ser usada para garantir a conexão segura aos sites na Internet são apresentados na Seção10.1 do Capítulo Uso seguro da Internet.
7.5. Cópias de segurança (Backups)
Você já imaginou o que aconteceria se, de uma hora para outra, perdesse alguns ou até mesmo todos os dados armazenados em seu computador? E se fossem todas as suas fotos ou os dados armazenados em seus dispositivos móveis? E se, ao enviar seu computador para manutenção, você o recebesse de volta com o disco rígido formatado? Para evitar que estas situações aconteçam, é necessário que você aja de forma preventiva e realize cópias de segurança (backups).
Muitas pessoas, infelizmente, só percebem a importância de ter backups quando já é tarde demais, ou seja, quando os dados já foram perdidos e não se pode fazer mais nada para recuperá-los. Backups são extremamente importantes, pois permitem:
- Proteção de dados: você pode preservar seus dados para que sejam recuperados em situações como falha de disco rígido, atualização mal-sucedida do sistema operacional, exclusão ou substituição acidental de arquivos, ação de códigos maliciosos/atacantes e furto/perda de dispositivos.
- Recuperação de versões: você pode recuperar uma versão antiga de um arquivo alterado, como uma parte excluída de um texto editado ou a imagem original de uma foto manipulada.
- Arquivamento: você pode copiar ou mover dados que deseja ou que precisa guardar, mas que não são necessários no seu dia a dia e que raramente são alterados.
Muitos sistemas operacionais já possuem ferramentas de backup e recuperação integradas e também há a opção de instalar programas externos. Na maioria dos casos, ao usar estas ferramentas, basta que você tome algumas decisões, como:
- Onde gravar os backups: você pode usar mídias (como CD, DVD, pen-drive, disco de Blu-ray e disco rígido interno ou externo) ou armazená-los remotamente (online ou off-site). A escolha depende do programa de backup que está sendo usado e de questões como capacidade de armazenamento, custo e confiabilidade. Um CD, DVD ou Blu-ray pode bastar para pequenas quantidades de dados, um pen-drive pode ser indicado para dados constantemente modificados, ao passo que um disco rígido pode ser usado para grandes volumes que devam perdurar.
- Quais arquivos copiar: apenas arquivos confiáveis e que tenham importância para você devem ser copiados. Arquivos de programas que podem ser reinstalados, geralmente, não precisam ser copiados. Fazer cópia de arquivos desnecessários pode ocupar espaço inutilmente e dificultar a localização dos demais dados. Muitos programas de backup já possuem listas de arquivos e diretórios recomendados, você pode optar por aceitá-las ou criar suas próprias listas.
- Com que periodicidade devo realizá-los: depende da frequência com que você cria ou modifica arquivos. Arquivos frequentemente modificados podem ser copiados diariamente ao passo que aqueles pouco alterados podem ser copiados semanalmente ou mensalmente.
Cuidados a serem tomados:
- mantenha seus backups atualizados, de acordo com a frequência de alteração dos dados;
- mantenha seus backups em locais seguros, bem condicionados (longe de poeira, muito calor ou umidade) e com acesso restrito (apenas de pessoas autorizadas);
- configure para que seus backups sejam realizados automaticamente e certifique-se de que eles estejam realmente sendo feitos (backups manuais estão mais propensos a erros e esquecimento);
- além dos backups periódicos, sempre faça backups antes de efetuar grandes alterações no sistema (adição de hardware, atualização do sistema operacional, etc.) e de enviar o computador para manutenção;
- armazene dados sensíveis em formato criptografado (mais detalhes no Capítulo Criptografia);
- mantenha backups redundantes, ou seja, várias cópias, para evitar perder seus dados em um incêndio, inundação, furto ou pelo uso de mídias defeituosas (você pode escolher pelo menos duas das seguintes possibilidades: sua casa, seu escritório e um repositório remoto);
- cuidado com mídias obsoletas (disquetes já foram muito usados para backups, porém, atualmente, acessá-los têm-se se tornado cada vez mais complicado pela dificuldade em encontrar computadores com leitores deste tipo de mídia e pela degradação natural do material);
- assegure-se de conseguir recuperar seus backups (a realização de testes periódicos pode evitar a péssima surpresa de descobrir que os dados estão corrompidos, em formato obsoleto ou que você não possui mais o programa de recuperação);
- mantenha seus backups organizados e identificados (você pode etiquetá-los ou nomeá-los com informações que facilitem a localização, como tipo do dado armazenado e data de gravação);
- copie dados que você considere importantes e evite aqueles que podem ser obtidos de fontes externas confiáveis, como os referentes ao sistema operacional ou aos programas instalados;
- nunca recupere um backup se desconfiar que ele contém dados não confiáveis.
Ao utilizar serviços de backup online há alguns cuidados adicionais que você deve tomar, como:
- observe a disponibilidade do serviço e procure escolher um com poucas interrupções (alta disponibilidade);
- observe o tempo estimado de transmissão de dados (tanto para realização do backup quanto para recuperação dos dados). Dependendo da banda disponível e da quantidade de dados a ser copiada (ou recuperada), o backup online pode se tornar impraticável;
- seja seletivo ao escolher o serviço. Observe critérios como suporte, tempo no mercado (há quanto tempo o serviço é oferecido), a opinião dos demais usuários e outras referências que você possa ter;
- leve em consideração o tempo que seus arquivos são mantidos, o espaço de armazenagem e a política de privacidade e de segurança;
- procure aqueles nos quais seus dados trafeguem pela rede de forma criptografada (caso não haja esta possibilidade, procure você mesmo criptografar os dados antes de enviá-los).
7.6. Registro de eventos (Logs)
Log é o registro de atividade gerado por programas e serviços de um computador. Ele pode ficar armazenado em arquivos, na memória do computador ou em bases de dados. A partir da análise desta informação você pode ser capaz de:
- detectar o uso indevido do seu computador, como um usuário tentando acessar arquivos de outros usuários, ou alterar arquivos do sistema;
- detectar um ataque, como de força bruta ou a exploração de alguma vulnerabilidade;
- rastrear (auditar) as ações executadas por um usuário no seu computador, como programas utilizados, comandos executados e tempo de uso do sistema;
- detectar problemas de hardware ou nos programas e serviços instalados no computador.
Baseado nisto, você pode tomar medidas preventivas para tentar evitar que um problema maior ocorra ou, caso não seja possível, tentar reduzir os danos. Alguns exemplos são:
- se o disco rígido do seu computador estiver apresentando mensagens de erro, você pode se antecipar, fazer backup dos dados nele contidos e no momento oportuno enviá-lo para manutenção;
- se um atacante estiver tentando explorar uma vulnerabilidade em seu computador, você pode verificar se as medidas preventivas já foram aplicadas e tentar evitar que o ataque ocorra;
- se não for possível evitar um ataque, os logs podem permitir que as ações executadas pelo atacante sejam rastreadas, como arquivos alterados e as informações acessadas.
Logs são essenciais para notificação de incidentes, pois permitem que diversas informações importantes sejam detectadas, como por exemplo: a data e o horário em que uma determinada atividade ocorreu, o fuso horário do log, o endereço IP de origem da atividade, as portas envolvidas e o protocolo utilizado no ataque (TCP, UDP, ICMP, etc.), os dados completos que foram enviados para o computador ou rede e o resultado da atividade (se ela ocorreu com sucesso ou não).
Cuidados a serem tomados:
- mantenha o seu computador com o horário correto (o horário em que o log é registrado é usado na correlação de incidentes de segurança e, por este motivo, deve estar sincronizado);
- verifique o espaço em disco livre em seu computador (logs podem ocupar bastante espaço em disco, dependendo das configurações feitas);
- evite registrar dados desnecessários, pois isto, além de poder ocupar espaço excessivo no disco, também pode degradar o desempenho do computador, comprometer a execução de tarefas básicas e dificultar a localização de informações de interesse;
- fique atento e desconfie caso perceba que os logs do seu computador foram apagados ou que deixaram de ser gerados por um período (muitos atacantes, na tentativa de esconder as ações executadas, desabilitam os serviços de logs e apagam os registros relacionados ao ataque ou, até mesmo, os próprios arquivos de logs);
- restrinja o acesso aos arquivos de logs. Não é necessário que todos os usuários tenham acesso às informações contidas nos logs. Por isto, sempre que possível, permita que apenas o usuário administrador tenha acesso a estes dados.
7.7. Ferramentas antimalware
Ferramentas antimalware são aquelas que procuram detectar e, então, anular ou remover os códigos maliciosos de um computador. Antivírus,antispyware, antirootkit e antitrojan são exemplos de ferramentas deste tipo.
Ainda que existam ferramentas específicas para os diferentes tipos de códigos maliciosos, muitas vezes é difícil delimitar a área de atuação de cada uma delas, pois a definição do tipo de código malicioso depende de cada fabricante e muitos códigos mesclam as características dos demais tipos (mais detalhes no Capítulo Códigos Maliciosos (Malware)).
Entre as diferentes ferramentas existentes, a que engloba a maior quantidade de funcionalidades é o antivírus. Apesar de inicialmente eles terem sido criados para atuar especificamente sobre vírus, com o passar do tempo, passaram também a englobar as funcionalidades dos demais programas, fazendo com que alguns deles caíssem em desuso.
Há diversos tipos de programas antimalware que diferem entre si das seguintes formas:
- Método de detecção: assinatura (uma lista de assinaturas é usada à procura de padrões), heurística (baseia-se nas estruturas, instruções e características que o código malicioso possui) e comportamento (baseia-se no comportamento apresentado pelo código malicioso quando executado) são alguns dos métodos mais comuns.
- Forma de obtenção: podem ser gratuitos (quando livremente obtidos na Internet e usados por prazo indeterminado), experimentais (trial, usados livremente por um prazo predeterminado) e pagos (exigem que uma licença seja adquirida). Um mesmo fabricante pode disponibilizar mais de um tipo de programa, sendo que a versão gratuita costuma possuir funcionalidades básicas ao passo que a versão paga possui funcionalidades extras, além de poder contar com suporte.
- Execução: podem ser localmente instalados no computador ou executados sob demanda por intermédio do navegador Web. Também podem ser online, quando enviados para serem executados em servidores remotos, por um ou mais programas.
- Funcionalidades apresentadas: além das funções básicas (detectar, anular e remover códigos maliciosos) também podem apresentar outras funcionalidade integradas, como a possibilidade de geração de discos de emergência e firewall pessoal (mais detalhes na Seção 7.8).
Alguns exemplos de antimalware online são:
Para escolher o antimalware que melhor se adapta à sua necessidade é importante levar em conta o uso que você faz e as características de cada versão. Observe que não há relação entre o custo e a eficiência de um programa, pois há versões gratuitas que apresentam mais funcionalidades que versões pagas de outros fabricantes. Alguns sites apresentam comparativos entre os programas de diferentes fabricantes que podem guiá-lo na escolha do qual melhor lhe atende, tais como:
Cuidados a serem tomados:
- tenha um antimalware instalado em seu computador (programas online, apesar de bastante úteis, exigem que seu computador esteja conectado à Internet para que funcionem corretamente e podem conter funcionalidades reduzidas);
- utilize programas online quando suspeitar que o antimalware local esteja desabilitado/comprometido ou quando necessitar de uma segunda opinião (quiser confirmar o estado de um arquivo que já foi verificado pelo antimalware local);
- configure o antimalware para verificar toda e qualquer extensão de arquivo;
- configure o antimalware para verificar automaticamente arquivos anexados aos e-mails e obtidos pela Internet;
- configure o antimalware para verificar automaticamente os discos rígidos e as unidades removíveis (como pen-drives, CDs, DVDs e discos externos);
- mantenha o arquivo de assinaturas sempre atualizado (configure o antimalware para atualizá-lo automaticamente pela rede, de preferência diariamente);
- mantenha o antimalware sempre atualizado, com a versão mais recente e com todas as atualizações existentes aplicadas;
- evite executar simultaneamente diferentes programas antimalware (eles podem entrar em conflito, afetar o desempenho do computador e interferir na capacidade de detecção um do outro);
- crie um disco de emergência e o utilize-o quando desconfiar que o antimalware instalado está desabilitado/comprometido ou que o comportamento do computador está estranho (mais lento, gravando ou lendo o disco rígido com muita frequência, etc.).
7.8. Firewall pessoal
Firewall pessoal é um tipo específico de firewall que é utilizado para proteger um computador contra acessos não autorizados vindos da Internet.
Os programas antimalware, apesar da grande quantidade de funcionalidades, não são capazes de impedir que um atacante tente explorar, via rede, alguma vulnerabilidade existente em seu computador e nem de evitar o acesso não autorizado, caso haja algum backdoor nele instalado. Devido a isto, além da instalação do antimalware, é necessário que você utilize um firewall pessoal.
Quando bem configurado, o firewall pessoal pode ser capaz de:
- registrar as tentativas de acesso aos serviços habilitados no seu computador;
- bloquear o envio para terceiros de informações coletadas por invasores e códigos maliciosos;
- bloquear as tentativas de invasão e de exploração de vulnerabilidades do seu computador e possibilitar a identificação das origens destas tentativas;
- analisar continuamente o conteúdo das conexões, filtrando diversos tipos de códigos maliciosos e barrando a comunicação entre um invasor e um código malicioso já instalado;
- evitar que um código malicioso já instalado seja capaz de se propagar, impedindo que vulnerabilidades em outros computadores sejam exploradas.
Alguns sistemas operacionais possuem firewall pessoal integrado. Caso o sistema instalado em seu computador não possua um ou você não queira usá-lo, há diversas opções disponíveis (pagas ou gratuitas). Você também pode optar por um antimalware com funcionalidades de firewall pessoal integradas.
Cuidados a serem tomados:
- antes de obter um firewall pessoal, verifique a procedência e certifique-se de que o fabricante é confiável;
- certifique-se de que o firewall instalado esteja ativo (estado: ativado);
- configure seu firewall para registrar a maior quantidade de informações possíveis (desta forma, é possível detectar tentativas de invasão ou rastrear as conexões de um invasor).
As configurações do firewall dependem de cada fabricante. De forma geral, a mais indicada é:
- liberar todo tráfego de saída do seu computador (ou seja, permitir que seu computador acesse outros computadores e serviços) e;
- bloquear todo tráfego de entrada ao seu computador (ou seja, impedir que seu computador seja acessado por outros computadores e serviços) e liberar as conexões conforme necessário, de acordo com os programas usados.
7.9. Filtro antispam
Os filtros antispam já vem integrado à maioria dos Webmails e programas leitores de e-mails e permite separar os e-mails desejados dos indesejados (spams). A maioria dos filtros passa por um período inicial de treinamento, no qual o usuário seleciona manualmente as mensagens consideradas spam e, com base nas classificações, o filtro vai "aprendendo" a distinguir as mensagens.
Mais informações sobre filtros antispam e cuidados a serem tomados podem ser encontradas em https://antispam.br/. Mais detalhes sobre outras formas de prevenção contra spam são apresentadas no Capítulo Spam.
7.10. Outros mecanismos
- Filtro antiphishing: já vem integrado à maioria dos navegadores Web e serve para alertar os usuários quando uma página suspeita de ser falsa é acessada. O usuário pode então decidir se quer acessá-la mesmo assim ou navegar para outra página.
- Filtro de janelas de pop-up: já vem integrado à maioria dos navegadores Web e permite que você controle a exibição de janelas de pop-up. Você pode optar por bloquear, liberar totalmente ou permitir apenas para sites específicos.
- Filtro de códigos móveis: filtros, como o NoScript, permitem que você controle a execução de códigos Java e JavaScript. Você pode decidir quando permitir a execução destes códigos e se eles serão executados temporariamente ou permanentemente - https://noscript.net/
- Filtro de bloqueio de propagandas: filtros, como o Adblock, permitem o bloqueio de sites conhecidos por apresentarem propagandas - https://adblockplus.org/
- Teste de reputação de site: complementos, como o WOT (Web of Trust), permitem determinar a reputação dos sites que você acessa. Por meio de um esquema de cores, ele indica a reputação do site, como: verde escuro (excelente), verde claro (boa), amarelo (insatisfatória), vermelho claro (má) e vermelho escuro (péssima) -https://www.mywot.com/
- Programa para verificação de vulnerabilidades: programas, como o PSI (Secunia Personal Software Inspector), permitem verificar vulnerabilidades nos programas instalados em seu computador e determinar quais devem ser atualizados -
https://secunia.com/vulnerability_scanning/personal/ - Sites e complementos para expansão de links curtos: complementos ou sites específicos, como o LongURL, permitem verificar qual é o link de destino de um link curto. Desta forma, você pode verificar a URL de destino, sem que para isto necessite acessar o link curto -
https://longurl.org/ - Anonymizer: sites para navegação anônima, conhecidos como anonymizers, intermediam o envio e recebimento de informações entre o seu navegador Web e o site que você deseja visitar. Desta forma, o seu navegador não recebe cookies e as informações por ele fornecidas não são repassadas para o site visitado - https://www.anonymizer.com/
-
8. Contas e senhas
Uma conta de usuário, também chamada de "nome de usuário", "nome de login" e username, corresponde à identificação única de um usuário em um computador ou serviço. Por meio das contas de usuário é possível que um mesmo computador ou serviço seja compartilhado por diversas pessoas, pois permite, por exemplo, identificar unicamente cada usuário, separar as configurações específicas de cada um e controlar as permissões de acesso.
A sua conta de usuário é de conhecimento geral e é o que permite a sua identificação. Ela é, muitas vezes, derivada do seu próprio nome, mas pode ser qualquer sequência de caracteres que permita que você seja identificado unicamente, como o seu endereço de e-mail. Para garantir que ela seja usada apenas por você, e por mais ninguém, é que existem os mecanismos de autenticação.
Existem três grupos básicos de mecanismos de autenticação, que se utilizam de: aquilo que você é (informações biométricas, como a sua impressão digital, a palma da sua mão, a sua voz e o seu olho), aquilo que apenas você possui (como seu cartão de senhas bancárias e um token gerador de senhas) e, finalmente, aquilo que apenas você sabe (como perguntas de segurança e suas senhas).
Uma senha, ou password, serve para autenticar uma conta, ou seja, é usada no processo de verificação da sua identidade, assegurando que você é realmente quem diz ser e que possui o direito de acessar o recurso em questão. É um dos principais mecanismos de autenticação usados na Internet devido, principalmente, a simplicidade que possui.
Se uma outra pessoa souber a sua conta de usuário e tiver acesso à sua senha ela poderá usá-las para se passar por você na Internet e realizar ações em seu nome, como:
- acessar a sua conta de correio eletrônico e ler seus e-mails, enviar mensagens de spam e/ou contendo phishing e códigos maliciosos, furtar sua lista de contatos e pedir o reenvio de senhas de outras contas para este endereço de e-mail (e assim conseguir acesso a elas);
- acessar o seu computador e obter informações sensíveis nele armazenadas, como senhas e números de cartões de crédito;
- utilizar o seu computador para esconder a real identidade desta pessoa (o invasor) e, então, desferir ataques contra computadores de terceiros;
- acessar sites e alterar as configurações feitas por você, de forma a tornar públicas informações que deveriam ser privadas;
- acessar a sua rede social e usar a confiança que as pessoas da sua rede de relacionamento depositam em você para obter informações sensíveis ou para o envio de boatos, mensagens de spam e/ou códigos maliciosos.
8.1. Uso seguro de contas e senhas
Algumas das formas como a sua senha pode ser descoberta são:
- ao ser usada em computadores infectados. Muitos códigos maliciosos, ao infectar um computador, armazenam as teclas digitadas (inclusive senhas), espionam o teclado pelawebcam (caso você possua uma e ela esteja apontada para o teclado) e gravam a posição da tela onde o mouse foi clicado (mais detalhes na Seção 4.4 do Capítulo Códigos Maliciosos (Malware));
- ao ser usada em sites falsos. Ao digitar a sua senha em um site falso, achando que está no site verdadeiro, um atacante pode armazená-la e, posteriormente, usá-la para acessar o site verdadeiro e realizar operações em seu nome (mais detalhes na Seção 2.3 do Capítulo Golpes na Internet);
- por meio de tentativas de adivinhação (mais detalhes na Seção 3.5 do Capítulo Ataques na Internet);
- ao ser capturada enquanto trafega na rede, sem estar criptografada (mais detalhes na Seção 3.4 do Capítulo Ataques na Internet);
- por meio do acesso ao arquivo onde a senha foi armazenada caso ela não tenha sido gravada de forma criptografada (mais detalhes no Capítulo Criptografia);
- com o uso de técnicas de engenharia social, como forma a persuadi-lo a entregá-la voluntariamente;
- pela observação da movimentação dos seus dedos no teclado ou dos cliques do mouse em teclados virtuais.
Cuidados a serem tomados ao usar suas contas e senhas:
- certifique-se de não estar sendo observado ao digitar as suas senhas;
- não forneça as suas senhas para outra pessoa, em hipótese alguma;
- certifique-se de fechar a sua sessão ao acessar sites que requeiram o uso de senhas. Use a opção de sair (logout), pois isto evita que suas informações sejam mantidas no navegador;
- elabore boas senhas, conforme descrito na Seção 8.2;
- altere as suas senhas sempre que julgar necessário, conforme descrito na Seção 8.3;
- não use a mesma senha para todos os serviços que acessa (dicas de gerenciamento de senhas são fornecidas na Seção 8.4);
- ao usar perguntas de segurança para facilitar a recuperação de senhas, evite escolher questões cujas respostas possam ser facilmente adivinhadas (mais detalhes na Seção8.5);
- certifique-se de utilizar serviços criptografados quando o acesso a um site envolver o fornecimento de senha (mais detalhes na Seção 10.1 do Capítulo Uso seguro da Internet);
- procure manter sua privacidade, reduzindo a quantidade de informações que possam ser coletadas sobre você, pois elas podem ser usadas para adivinhar a sua senha, caso você não tenha sido cuidadoso ao elaborá-la (mais detalhes no Capítulo Privacidade);
- mantenha a segurança do seu computador (mais detalhes no Capítulo Segurança de computadores);
- seja cuidadoso ao usar a sua senha em computadores potencialmente infectados ou comprometidos. Procure, sempre que possível, utilizar opções de navegação anônima (mais detalhes na Seção 12.3 do Capítulo Segurança de computadores).
8.2. Elaboração de senhas
Uma senha boa, bem elaborada, é aquela que é difícil de ser descoberta (forte) e fácil de ser lembrada. Não convém que você crie uma senha forte se, quando for usá-la, não conseguir recordá-la. Também não convém que você crie uma senha fácil de ser lembrada se ela puder ser facilmente descoberta por um atacante.
Alguns elementos que você não deve usar na elaboração de suas senhas são:
- Qualquer tipo de dado pessoal: evite nomes, sobrenomes, contas de usuário, números de documentos, placas de carros, números de telefones e datas (estes dados podem ser facilmente obtidos e usados por pessoas que queiram tentar se autenticar como você).
- Sequências de teclado: evite senhas associadas à proximidade entre os caracteres no teclado, como "
1qaz2wsx
" e "QwerTAsdfG
", pois são bastante conhecidas e podem ser facilmente observadas ao serem digitadas. - Palavras que façam parte de listas: evite palavras presentes em listas publicamente conhecidas, como nomes de músicas, times de futebol, personagens de filmes, dicionários de diferentes idiomas, etc. Existem programas que tentam descobrir senhas combinando e testando estas palavras e que, portanto, não devem ser usadas (mais detalhes na Seção 3.5 do Capítulo Ataques na Internet).
Alguns elementos que você deve usar na elaboração de suas senhas são:
- Números aleatórios: quanto mais ao acaso forem os números usados melhor, principalmente em sistemas que aceitem exclusivamente caracteres numéricos.
- Grande quantidade de caracteres: quanto mais longa for a senha mais difícil será descobri-la. Apesar de senhas longas parecerem, a princípio, difíceis de serem digitadas, com o uso frequente elas acabam sendo digitadas facilmente.
- Diferentes tipos de caracteres: quanto mais "bagunçada" for a senha mais difícil será descobri-la. Procure misturar caracteres, como números, sinais de pontuação e letras maiúsculas e minúsculas. O uso de sinais de pontuação pode dificultar bastante que a senha seja descoberta, sem necessariamente torná-la difícil de ser lembrada.
Algumas dicas práticas que você pode usar na elaboração de boas senhas são:
- Selecione caracteres de uma frase: baseie-se em uma frase e selecione a primeira, a segunda ou a última letra de cada palavra. Exemplo: com a frase "
O Cravo brigou com a Rosa debaixo de uma sacada
" você pode gerar a senha "?OCbcaRddus
" (o sinal de interrogação foi colocado no início para acrescentar um símbolo à senha). - Utilize uma frase longa: escolha uma frase longa, que faça sentido para você, que seja fácil de ser memorizada e que, se possível, tenha diferentes tipos de caracteres. Evite citações comuns (como ditados populares) e frases que possam ser diretamente ligadas à você (como o refrão de sua música preferida). Exemplo: se quando criança você sonhava em ser astronauta, pode usar como senha "
1 dia ainda verei os aneis de Saturno!!!
". - Faça substituições de caracteres: invente um padrão de substituição baseado, por exemplo, na semelhança visual ("
w
" e "vv
") ou de fonética ("ca
" e "k
") entre os caracteres. Crie o seu próprio padrão pois algumas trocas já são bastante óbvias. Exemplo: duplicando as letras "s
" e "r
", substituindo "o
" por "0
" (número zero) e usando a frase "Sol, astro-rei do Sistema Solar
" você pode gerar a senha "SS0l, asstrr0-rrei d0 SSisstema SS0larr
".
Existem serviços que permitem que você teste a complexidade de uma senha e que, de acordo com critérios, podem classificá-la como sendo, por exemplo, "muito fraca
", "fraca
", "forte
" ou "muito forte
". Ao usar estes serviços é importante ter em mente que, mesmo que uma senha tenha sido classificada como "muito forte
", pode ser que ela não seja uma boa senha caso contenha dados pessoais que não são de conhecimento do serviço, mas que podem ser de conhecimento de um atacante.
Apenas você é capaz de definir se a senha elaborada é realmente boa!
8.3. Alteração de senhas
Você deve alterar a sua senha imediatamente sempre que desconfiar que ela pode ter sido descoberta ou que o computador no qual você a utilizou pode ter sido invadido ou infectado.
Algumas situações onde você deve alterar rapidamente a sua senha são:
- se um computador onde a senha esteja armazenada tenha sido furtado ou perdido;
- se usar um padrão para a formação de senhas e desconfiar que uma delas tenha sido descoberta. Neste caso, tanto o padrão como todas as senhas elaboradas com ele devem ser trocadas pois, com base na senha descoberta, um atacante pode conseguir inferir as demais;
- se utilizar uma mesma senha em mais de um lugar e desconfiar que ela tenha sido descoberta em algum deles. Neste caso, esta senha deve ser alterada em todos os lugares nos quais é usada;
- ao adquirir equipamentos acessíveis via rede, como roteadores Wi-Fi, dispositivos bluetooth e modems ADSL (Asymmetric Digital Subscriber Line). Muitos destes equipamentos são configurados de fábrica com senha padrão, facilmente obtida em listas na Internet, e por isto, sempre que possível, deve ser alterada (mais detalhes no Capítulo Segurança de redes).
Nos demais casos é importante que a sua senha seja alterada regularmente, como forma de assegurar a confidencialidade. Não há como definir, entretanto, um período ideal para que a troca seja feita, pois depende diretamente de quão boa ela é e de quanto você a expõe (você a usa em computadores de terceiros? Você a usa para acessar outros sites? Você mantém seu computador atualizado?).
Não convém que você troque a senha em períodos muito curtos (menos de um mês, por exemplo) se, para conseguir se recordar, precisará elaborar uma senha fraca ou anotá-la em um papel e colá-lo no monitor do seu computador. Períodos muito longos (mais de um ano, por exemplo) também não são desejáveis pois, caso ela tenha sido descoberta, os danos causados podem ser muito grandes.
8.4. Gerenciamento de contas e senhas
Você já pensou em quantas contas e senhas diferentes precisa memorizar e combinar para acessar todos os serviços que utiliza e que exigem autenticação? Atualmente, confiar apenas na memorização pode ser algo bastante arriscado.
Para resolver este problema muitos usuários acabam usando técnicas que podem ser bastante perigosas e que, sempre que possível, devem ser evitadas. Algumas destas técnicas e os cuidados que você deve tomar caso, mesmo ciente dos riscos, opte por usá-las são:
- Reutilizar as senhas: usar a mesma senha para acessar diferentes contas pode ser bastante arriscado, pois basta ao atacante conseguir a senha de uma conta para conseguir acessar as demais contas onde esta mesma senha foi usada.
- procure não usar a mesma senha para assuntos pessoais e profissionais;
- jamais reutilize senhas que envolvam o acesso a dados sensíveis, como as usadas em Internet Banking ou e-mail.
- Usar opções como "Lembre-se de mim" e "Continuar conectado": o uso destas opções faz com que informações da sua conta de usuário sejam salvas em cookies que podem ser indevidamente coletados e permitam que outras pessoas se autentiquem como você.
- use estas opções somente nos sites nos quais o risco envolvido é bastante baixo;
- jamais as utilize em computadores de terceiros.
- Salvar as senhas no navegador Web: esta prática é bastante arriscada, pois caso as senhas não estejam criptografadas com uma chave mestra, elas podem ser acessadas por códigos maliciosos, atacantes ou outras pessoas que venham a ter acesso ao computador.
- assegure-se de configurar uma chave mestra;
- seja bastante cuidadoso ao elaborar sua chave mestra, pois a segurança das demais senhas depende diretamente da segurança dela;
- não esqueça sua chave mestra.
Para não ter que recorrer a estas técnicas ou correr o risco de esquecer suas contas/senhas ou, pior ainda, ter que apelar para o uso de senhas fracas, você pode buscar o auxílio de algumas das formas de gerenciamento disponíveis.
Uma forma bastante simples de gerenciamento é listar suas contas/senhas em um papel e guardá-lo em um local seguro (como uma gaveta trancada). Neste caso, a segurança depende diretamente da dificuldade de acesso ao local escolhido para guardar este papel (de nada adianta colá-lo no monitor, deixá-lo embaixo do teclado ou sobre a mesa). Veja que é preferível usar este método a optar pelo uso de senhas fracas pois, geralmente, é mais fácil garantir que ninguém terá acesso físico ao local onde o papel está guardado do que evitar que uma senha fraca seja descoberta na Internet.
Caso você considere este método pouco prático, pode optar por outras formas de gerenciamento como as apresentadas a seguir, juntamente com alguns cuidados básicos que você deve ter ao usá-las:
- Criar grupos de senhas, de acordo com o risco envolvido: você pode criar senhas únicas e bastante fortes e usá-las onde haja recursos valiosos envolvidos (por exemplo, para acesso a Internet Banking ou e-mail). Outras senhas únicas, porém um pouco mais simples, para casos nos quais o valor do recurso protegido é inferior (por exemplo, sitesde comércio eletrônico, desde que suas informações de pagamento, como número de cartão de crédito, não sejam armazenadas para uso posterior) e outras simples e reutilizadas para acessos sem risco (como o cadastro para baixar um determinado arquivo).
- reutilize senhas apenas em casos nos quais o risco envolvido é bastante baixo.
- Usar um programa gerenciador de contas/senhas: programas, como 1Password e KeePass, permitem armazenar grandes quantidades de contas/senhas em um único arquivo, acessível por meio de uma chave mestra.
- seja bastante cuidadoso ao elaborar sua chave mestra, pois a segurança das demais senhas depende diretamente da segurança dela;
- não esqueça sua chave mestra (sem ela, não há como você acessar os arquivos que foram criptografados, ou seja, todas as suas contas/senhas podem ser perdidas);
- assegure-se de obter o programa gerenciador de senhas de uma fonte confiável e de sempre mantê-lo atualizado;
- evite depender do programa gerenciador de senhas para acessar a conta do e-mail de recuperação (mais detalhes na Seção 8.5).
- Gravar em um arquivo criptografado: você pode manter um arquivo criptografado em seu computador e utilizá-lo para cadastrar manualmente todas as suas contas e senhas.
- assegure-se de manter o arquivo sempre criptografado;
- assegure-se de manter o arquivo atualizado (sempre que alterar uma senha que esteja cadastrada no arquivo, você deve lembrar de atualizá-lo);
- faça backup do arquivo de senhas, para evitar perdê-lo caso haja problemas em seu computador.
8.5. Recuperação de senhas
Mesmo que você tenha tomado cuidados para elaborar a sua senha e utilizado mecanismos de gerenciamento, podem ocorrer casos, por inúmeros motivos, de você perdê-la. Para restabelecer o acesso perdido, alguns sistemas disponibilizam recursos como:
- permitir que você responda a uma pergunta de segurança previamente determinada por você;
- enviar a senha, atual ou uma nova, para o e-mail de recuperação previamente definido por você;
- confirmar suas informações cadastrais, como data de aniversário, país de origem, nome da mãe, números de documentos, etc;
- apresentar uma dica de segurança previamente cadastrada por você;
- enviar por mensagem de texto para um número de celular previamente cadastrado por você.
Todos estes recursos podem ser muito úteis, desde que cuidadosamente utilizados, pois assim como podem permitir que você recupere um acesso, também podem ser usados por atacantes que queiram se apossar da sua conta. Alguns cuidados que você deve tomar ao usá-los são:
- cadastre uma dica de segurança que seja vaga o suficiente para que ninguém mais consiga descobri-la e clara o bastante para que você consiga entendê-la. Exemplo: se sua senha for "
SS0l, asstrr0-rrei d0 SSisstema SS0larr
", pode cadastrar a dica "Uma das notas musicais
", o que o fará se lembrar da palavra "Sol
" e se recordar da senha;
- seja cuidadoso com as informações que você disponibiliza em blogs e redes sociais, pois podem ser usadas por atacantes para tentar confirmar os seus dados cadastrais, descobrir dicas e responder perguntas de segurança (mais detalhes no Capítulo Privacidade);
- evite cadastrar perguntas de segurança que possam ser facilmente descobertas, como o nome do seu cachorro ou da sua mãe. Procure criar suas próprias perguntas e, de preferência, com respostas falsas. Exemplo: caso você tenha medo de altura, pode criar a pergunta "
Qual seu esporte favorito?
" e colocar como resposta "paraquedismo
" ou "alpinismo
";
- ao receber senhas por e-mail procure alterá-las o mais rápido possível. Muitos sistemas enviam as senhas em texto claro, ou seja, sem nenhum tipo de criptografia e elas podem ser obtidas caso alguém tenha acesso à sua conta de e-mail ou utilize programas para interceptação de tráfego (mais detalhes na Seção 3.4 do Capítulo Ataques na Internet);
- procure cadastrar um e-mail de recuperação que você acesse regularmente, para não esquecer a senha desta conta também;
- procure não depender de programas gerenciadores de senhas para acessar o e-mail de recuperação (caso você esqueça sua chave mestra ou, por algum outro motivo, não tenha mais acesso às suas senhas, o acesso ao e-mail de recuperação pode ser a única forma de restabelecer os acessos perdidos);
- preste muita atenção ao cadastrar o e-mail de recuperação para não digitar um endereço que seja inválido ou pertencente a outra pessoa. Para evitar isto, muitos sites enviam uma mensagem de confirmação assim que o cadastro é realizado. Tenha certeza de recebê-la e de que as eventuais instruções de verificação tenham sido executadas.